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EUA declaram crise de saúde pública por violência com armas de fogo

O cirurgião-geral Vivek Murthy, autoridade máxima de saúde no país, diz que mortes por ataques a tiros é preocupação diária para maioria dos americanos

Por Da Redação
Atualizado em 25 jun 2024, 12h24 - Publicado em 25 jun 2024, 12h08

A autoridade máxima de saúde pública dos Estados Unidos, o cirurgião-geral Vivek Murthy, declarou nesta terça-feira, 25, que o país passará a considerar a violência provocada pelo uso de armas de fogo como uma crise de saúde pública. A mudança de postura, que ocorre após um final de semana marcado por ataques a tiros que deixaram dezenas de mortos e feridos, foi impulsionada pelo número crescente de vítimas de massacres nos últimos anos.

“As pessoas querem poder caminhar pelos seus bairros e estar seguras”, disse Murthy em entrevista à agência de notícias Associated Press. “Os Estados Unidos deveriam ser um lugar onde todos nós podemos ir à escola, trabalhar, ir ao supermercado, ir à igreja, sem ter que nos preocupar se isso colocará nossas vidas em risco.”

Problema generalizado

Murthy enfatizou que há “ampla concordância” de que a violência proveniente do uso de armas de fogo é um problema generalizado nos Estados Unidos. Na entrevista à Associated Press, ele citou uma pesquisa do ano passado que revelou que a maioria dos americanos se preocupa, pelo menos às vezes, com a possibilidade de um amigo ou familiar ser baleado. Em paralelo, mais de 48 mil americanos foram mortos por tiros em 2022, segundo outro levantamento.

As crianças e adolescentes americanos sofrem em particular com tiroteios e violência com armas de fogo. As taxas de suicídio com uso do equipamento aumentaram significativamente nos últimos anos entre americanos com menos de 35 anos. Além disso, segundo o médico, crianças têm muito mais probabilidade de morrer devido a ferimentos de arma de fogo nos Estados Unidos do que jovens de outros países.

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“Agora é hora de tirarmos esta questão do domínio da política e colocá-la no domínio da saúde pública, da mesma forma que fizemos com o tabagismo há mais de meio século”, afirmou ele.

Dificuldades no Congresso

Para reduzir as mortes por armas de fogo, Murthy apelou que seu país proíba espingardas automáticas, introduza verificações universais de antecedentes (criminais ou não) para compra de armas, regule a indústria, aprove leis que restrinjam a utilização de armas em espaços públicos e penalize indivíduos que não guardem suas armas em segurança.

Nenhuma dessas sugestões pode ser implementada em nível nacional sem o Congresso, que normalmente recua diante de leis para controlar e restringir o uso de armas. Alguns estados americanos, no entanto, já promulgaram, ou podem considerar, algumas das propostas do cirurgião-geral.

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Controvérsias

A autoridade de saúde pública já vinha emitindo alertas sobre tendências preocupantes na área da saúde, incluindo o uso exacerbado de redes sociais e a solidão. Ele havia evitado, porém, tocar no assunto dos massacres a tiros desde que sua confirmação como cirurgião-geral em 2014 foi paralisada e quase bloqueada pelo lobby das armas de fogo e alguns membros do Partido Republicano.

Murthy acabou prometendo ao Senado que “não pretendia usar meu cargo como cirurgião-geral como um púlpito intimidador para o controle de armas”.

Donald Trump demitiu Murthy no início de sua Presidência, em 2017. Mas o atual chefe da Casa Branca, Joe Biden, voltou a nomeá-lo para o cargo em 2021. Em sua segunda audiência de confirmação, disse novamente que declarar uma crise de saúde pública pelo uso de armas de fogo não seria sua prioridade. Mas desde então o médico tem enfrentado pressão crescente da comunidade de saúde e grupos democratas para se manifestar a favor do controle de armamentos.

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