EUA classificam possível ataque de colonos israelenses como terrorismo
Violência na Cisjordânia dobrou em relação ao ano passado. Quatro militantes palestinos, entre eles um jovem de 19 anos, foram mortos a tiros
O governo dos Estados Unidos classificou o assassinato de um palestino por supostos colonos judeus como terrorismo, em linguagem afiada que parecia refletir a frustração do país com o aumento da violência na Cisjordânia ocupado sob o governo mais à direita da história de Israel.
Na sexta-feira 4, a polícia israelense deteve dois colonos perto da vila de Burqa, que segundo palestinos, faziam parte de um grupo que atirou pedras, incendiou carros e, ao ser confrontado por moradores, matou a tiros um jovem de 19 anos.
A Cisjordânia é povoada por diversos colonos radicais, que frequentemente vandalizam as terras e propriedades palestinas. A Palestina reivindica o território da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e da Faixa de Gaza, áreas capturadas por Israel na guerra de 1967, para a criação de um futuro Estado. Porém, cerca de 700 mil colonos israelenses vivem na Cisjordânia e no leste de Jerusalém em assentamentos ilegais, o que a comunidade internacional considera um obstáculo para a paz na região.
Investigações iniciais dos militares de Israel apontaram o incidente como um confronto que se intensificou, com baixas de ambos os lados. O advogado de defesa dos colonos – um dos quais faltou a uma audiência devido a um ferimento na cabeça – afirmou, porém, que eles agiram em legítima defesa.
A acusação, obtida pelo jornal Haaretz, diz que os colonos teriam praticado “homicídio deliberado ou depravado por indiferença” com motivação racista.
“Condenamos veementemente o ataque terrorista por colonos extremistas israelenses que matou um palestino de 19 anos”, escreveu o Departamento de Estado dos EUA, em comunicado na noite de sábado 5, pedindo “total responsabilidade e justiça”.
A declaração do Departamento de Estado sobre Burqa foi emitida simultaneamente com outra, que também condena como terrorismo um ataque armado palestino que matou um oficial de segurança em Tel Aviv. O governo religioso-nacionalista do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, no entanto, se irritou com a comparação entre a militância israelense e a palestina.
“Estamos diante da evolução de um perigoso terrorismo nacionalista judeu”, disse o legislador da oposição Benny Gantz, ex-ministro da Defesa, na plataforma de mensagens X, anteriormente conhecida como Twitter. “O que quer que tenha acontecido em Burqa, ele se junta a uma série de eventos que afligem nossas forças de segurança com a necessidade de perseguir, em vez de proteger, os israelenses”, completou.
Neste domingo 6, as forças de segurança de Israel mataram a tiros três militantes palestinos na Cisjordânia, comunicou a polícia israelense, atraindo ameaças de vingança por parte de facções palestinas. Desde o ano passado, a violência vem piorando, com mais incursões israelenses e ataques de rua.
No início deste mês, as Forças de Defesa de Israel (IDF) fizeram sua maior operação militar na Cisjordânia em duas décadas.