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Estados Unidos suspendem voos provenientes do Brasil por causa da Covid-19

Medida foi tomada no momento em que o Brasil soma 347 mil pessoas infectadas pelo vírus e mais de 22 mil mortes

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h29 - Publicado em 24 Maio 2020, 19h00

Como esperado e anunciado previamente, os Estados Unidos suspenderam, na noite deste domingo, 24, a entrada de brasileiros em território americano. O presidente Donald Trump ameaçava decretar as restrições desde o final de abril, quando o descalabro da pandemia de coronavírus no país começava a se mostrar fora de controle. A medida também restringe a entrada de estrangeiros provenientes do Brasil. Era só questão de tempo. Apesar das ditas boas relações entre o presidente Jair Bolsonaro e o mandatário americano, as pressões para que os Estados Unidos fechassem suas fronteiras para brasileiros era cantada. Prefeito de Miami, um dos principais destinos dos brasileiros, Francis Suárez já vinha defendendo abertamente o bloqueio de viajantes brasileiros no país. O gesto de Donald Trump simboliza a preocupação latente do país em relação às medidas restritivas e vem na ressaca da proibição da entrada de viajantes de outros centros onde a doença já se mostrou fora do controle. A medida vale a partir do próximo dia 29. 

A proibição acontece no dia seguinte ao que o país superou a Rússia em números oficiais de infectados como a segunda nação mais acometida pela pandemia. “Essa atitude mostra claramente que estamos numa situação em que o mundo todo nos vê como ameaça. Os países vizinhos, como Argentina, Uruguai e Paraguai, já expressaram a preocupação com a ameaça do descontrole da pandemia no Brasil, mas não tomaram medida nenhuma”, destaca Rubens Ricupero, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

“Vê-se que o Brasil de fato, passo a passo, está se transformando no epicentro da pandemia. Os Estados Unidos mostram que as curvas de contágio e mortes por lá estão estabilizadas ou declinando”, explica ele. Segundo Ricupero, a medida, apesar de esperada, mostra que o presidente Trump terceiriza os impactos das medidas para combater a doença e que o alinhamento automático de Bolsonaro às políticas e discursos americanos não trouxeram vantagens ao Brasil em termos diplomáticos. “É uma ilusão pensar que as atitudes de aceitar e acompanhar tudo o que Trump faz fosse granjear algum tipo de benesse. As sanções contra o aço e o alumínio brasileiro são prova disso, e, agora, novamente Trump mostra a ofensiva de delegar a terceiros suas responsabilidades”, encerra.

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Os números da doença no Brasil de fato são assustadores. O país soma 347 mil pessoas infectadas pelo vírus e mais de 22 mil mortes. O país americano, considerado o epicentro mundial da doença, tem 1,6 milhão de casos confirmados e beira as 100 mil mortes, com 97.986 óbitos confirmados. Os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump vêm mostrando sinergia nas interpretações e ações em combate ao vírus, inclusive em subjugar as orientações da Organização Mundial da Saúde. “Essa supressão de viajantes tem feito parte das políticas com que os que os países vêm lidando para controlar a doença e os números do Brasil, a evolução da doença, dão margem para atitudes como essa”, afirma Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial. A medida foi anunciada horas depois de o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O’Brien, admitir que o governo americano adotaria as restrições. “Esperamos que seja temporário, mas, devido à situação no Brasil, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o povo americano”, disse ele em entrevista à rede CBS de televisão. “Hoje o presidente tomou a ação decisiva para proteger nosso país, ao suspender a entrada de estrangeiros que estiveram no país durante um período de 14 dias antes de buscar a admissão nos Estados Unidos”, diz um comunicado à imprensa enviado pela Casa Branca. Sinal dos tempos. 

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