Espanha: Mães denunciam divulgação de fotos de filhas nuas criadas com IA
Questão eclodiu há uma semana, com a volta às aulas, e grupo de mães das vítimas cresce dia após dia

A cidade de Almedralejo, na Espanha, enfrenta uma onda de terror inédita: a divulgação de imagens falsas, geradas por Inteligência Artificial (IA), de meninas adolescentes, entre 12 e 17 anos, completamente nuas. A questão eclodiu há uma semana, com a volta às aulas, e o grupo de mães das vítimas cresce dia após dia.
“A primeira coisa é investigar e parece que já têm tudo mais ou menos sob controle”, afirmou o prefeito da cidade, José María Ramírez”, ao jornal espanhol El País. O caso já está sob responsabilidade do Ministério Público local.
Mais de 20 meninas foram afetadas, até agora, no povoado localizado na província de Badajoz, na região da Estremadura. Existem cinco centros educacionais para ensino secundário na cidade e em pelo menos quatro deles foram divulgadas imagens de estudantes nuas feitas a partir de IA. As primeiras vítimas souberam do ocorrido ainda durante o recreio na escola.
“Vi uma foto tua nua”, disse um colega para Isabel (nome fictício), que na volta para casa compartilhou sua angustia com a família. “Mãe, dizem que há uma foto minha nua por aí. Que fizeram isso através de uma aplicação de inteligência artificial. Tenho medo,” relatou ao diário espanhol.
A história de Isabel se repetiu em muitos lares. O fato assombroso motivou as mães a se mobilizarem em prol das denúncias, por meio de um grupo de WhatsApp, que soma 27 participantes. A Polícia Judiciária da região assumiu as investigações e, de acordo com o delegado do Governo de Estremadura, Francisco Mendoza, já conseguiram identificar alguns suspeitos.
Miriam Al Adib, de 46 anos, mãe de quatro meninas com idades entre 12 e os 17 anos, sendo uma delas afetada pelos ataques digitais, assumiu o posto de “porta-voz” das famílias. Ela tomou conhecimento das montagens na quarta-feira, 13.
Isso a motivou a fazer um vídeo com mais de 150 mil visualizações, publicado no Instagram, no qual alertou que era preciso denunciar a situação para por um fim na atividade. “Se eu não conhecesse o corpo da minha filha”, assumiu, “diria que esta foto é real, parece real”.