Embaixador chinês nos EUA alerta para conflito militar sobre Taiwan
Essa é a fala mais explícita sobre um possível confronto entre os países envolvendo Taiwan

O embaixador da China nos Estados Unidos, Qin Gang, disse nesta sexta-feira (28) que ambos os países podem entrar em um “conflito militar” sobre o futuro de Taiwan, na fala mais explícita referente a uma possível guerra.
“A questão de Taiwan é o maior barril de pólvora entre Pequim e Washington”, disse Qin Gang à emissora de rádio National Public Radio. “Se as autoridades taiwanesas, encorajadas pelos americanos, continuarem no caminho da independência, provavelmente envolverá a China e os Estados Unidos, os dois grandes países, em um conflito militar”, concluiu.
As tensões a respeito da ilha continuam a crescer. O Partido Comunista Chinês considera Taiwan uma província separatista e demanda por sua anexação. Em novembro, o presidente chinês, Xi Jinping, disse a Joe Biden que qualquer apoio à independência por parte dos Estados Unidos seria como “brincar com fogo” e que eles “poderiam se queimar”.
Pequim vem aumentando a pressão sobre o território nos últimos anos e, apesar de prometer uma “reunificação” pacífica, o que se tem visto na teoria é diferente. No último domingo, a força aérea chinesa enviou 39 aviões de guerra para a zona de identificação de defesa aérea de Taiwan, o maior número diário de aeronaves desde outubro.
Os Estados Unidos e alguns de seus aliados no Ocidente defenderam nos últimos meses a participação significativa da ilha no sistema da ONU, medida que irritou a China. Além disso, o comitê de Relações Exteriores do Reino Unido anunciou que planeja visitar o território em fevereiro.
Na entrevista à emissora de rádio, o embaixador culpou o atual governo de Taiwan pela situação de tensão. Segundo ele, “a busca pela independência tomando emprestado o apoio e o incentivo dos Estados Unidos” piorou a relação entre as nações.
Analistas apontam que, apesar da fala de Qin ser incomum, um conflito armado nos próximos meses é pouco provável, uma vez que o próprio embaixador afirmou que os laços bilaterais construídos entre Pequim e Washington constituem o relacionamento mais importante da China.