Em relatório, Pentágono alerta sobre ampliação de arsenal nuclear da China
Segundo Defesa americana, Pequim poderia ter mil ogivas nucleares até o fim da década
Em meio às crescentes tensões por testes chineses de armas hipersônicas, o Pentágono afirmou em um novo relatório que a China está ampliando seu arsenal nuclear e pode ter mil ogivas nucleares até o fim da década.
A estimativa, parte de um relatório da Defesa americana publicado na quarta-feira 3, tem como base a rápida modernização das opções bélicas chinesas e a construção incessante de silos para mísseis.
O número também representa um salto considerável, dado que em relatório similar do ano passado o governo americano estimativa que a China iria dobrar seu arsenal dentro de uma década. Segundo dados do Stockholm International Peace Research Institute publicados em julho, a China possui cerca de 350 ogivas nucleares. Estados Unidos e Rússia possuem 5.550 e 6.255, respectivamente.
No final de agosto, uma reportagem do Financial Times revelou que Pequim conduziu dois testes de armas hipersônicas, um em julho e outro em agosto.
Segundo informações divulgadas pelo jornal, o planador hipersônico carregava uma ogiva nuclear e foi lançado por um foguete do tipo Long Marche, desenvolvido pelos chineses. Esse míssil teria circulado a Terra em órbita baixa antes de aterrissar novamente em direção a um alvo. Na descida, porém, ele teria errado seu destino em 38 quilômetros.
De acordo com estimativas, as armas hipersônicas viajam na atmosfera superior a velocidades de até 6.200 quilômetros por hora.
As informações foram negadas pela China. De acordo com o governo do presidente Xi Jinping, o teste foi feito com foguetes reutilizáveis, que poderiam reduzir o custo de lançamentos de espaçonaves no futuro.
“Entende-se que este foi um teste de rotina de um veículo espacial para verificar a tecnologia de reutilização da espaçonave”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian.
A revelação, no entanto, elevou as tensões entre Pequim e Washington sobre testes de mísseis, já estremecidas pela construção de silos para lançamento de mísseis nucleares nos desertos ocidentais chineses. Após relatos em julho, a Federação de Cientistas Americanos publico na semana passada mais um documento sobre a construção de mais três campos para armazenamento.
“O número de novos silos chineses em construção supera o número de silos para mísseis balísticos intercontinentais operados pela Rússia, e representa mais da metade do número de toda a força de mísseis balísticos intercontinentais dos Estados Unidos”, afirmou a Federação de Cientistas Americanos, alertando sobre o descobrimento do novo campo. “O novo programa de silos para mísseis chineses representa a construção mais extensiva de silos desde as construções para mísseis americanos e soviéticos durante a Guerra Fria”.
Autoridades chinesas afirmam que o Pequim não usará armas nucleares a menos que seja atacada primeiro, e que servem apenas como elemento de dissuasão perante ameaças, sendo “o mínimo necessário para salvaguardar a segurança nacional”.