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George Bagdadi.
Damasco, 28 mai (EFE).- O mediador internacional para a Síria, Kofi Annan, pediu nesta segunda-feira ao presidente Bashar al Assad que adote ‘passos efetivos’ para demonstrar sua intenção de ‘resolver a crise síria pacificamente’, no início de sua segunda visita ao país.
Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe, pediu a todas as partes envolvidas no conflito ‘que ajudem a criar um contexto correto para um processo político crível’.
‘Esta mensagem de paz não é só para o governo, mas também para qualquer um que tenha uma arma’, ressaltou Annan, em declarações à imprensa em Damasco.
A visita do mediador, que tem como objetivo salvar seu plano de paz, que estipula um cessar-fogo que não foi respeitado, ocorre três dias após o massacre cometido na região central de Al Houla, onde mais de 100 pessoas morreram.
Ex-secretário-geral da ONU, Annan admitiu estar ‘chocado’ e ‘horrorizado’ por esse massacre. ‘Foi um crime espantoso. O Conselho de Segurança condenou-o com toda a razão’. Ele lembrou que o órgão solicitou a investigação do ocorrido. ‘Os responsáveis desses crimes brutais devem prestar contas’.
A oposição síria acusou as tropas do regime Assad de cometer o massacre, mas as autoridades rejeitaram qualquer envolvimento e culpou grupos armados.
A persistente violência na Síria reflete a fragilidade do cessar-fogo adotado no dia 12 de abril passado, pacto considerado o requisito básico do plano de Annan. Desde o início da revolta contra Assad em março de 2011, mais de 10 mil pessoas morreram, segundo a ONU.
Para o enviado especial, que se recusou a responder às perguntas dos jornalistas, seu plano de seis pontos para dar uma saída à crise deve ser aplicado de maneira global, mas, em sua opinião, ‘isto não está ocorrendo’.
‘É o povo sírio, os cidadãos comuns deste grande país que estão pagando o maior preço neste conflito’, lamentou Annan, que disse que seu objetivo é interromper este sofrimento.
O enviado pretendia se reunir ainda nesta segunda-feira com o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, e nesta terça-feira com o presidente Assad, com quem disse que deseja manter ‘conversas sérias e francas’.
Annan já havia se reunido com o líder sírio, assim como com um grupo da oposição, no dia 10 de março, em sua primeira visita a Damasco para apresentar seu plano de paz.
Esta iniciativa estipula, entre outros pontos, um cessar-fogo, a retirada das tropas das cidades, a libertação dos presos políticos, a entrada de ajuda humanitária e o início de um diálogo entre as autoridades e a oposição.
Há atualmente quase 300 observadores da ONU mobilizados no país para verificar o andamento do plano. O mandato da Missão de Supervisão na Síria (UNSMIS) é de 90 dias e expira em julho.
Neste domingo, em reunião de emergência, o Conselho de Segurança da ONU condenou o massacre de Al Houla e pediu ao regime Assad a imediata interrupção do uso de armamento pesado e a retirada de suas tropas das cidades, assim como a abertura de uma investigação.
O massacre de Al Houla, na província de Homs, suscitou mais dúvidas sobre a efetividade do plano proposto por Annan para acabar com a violência no país, e voltou a demonstrar a divisão da comunidade internacional a respeito do conflito.
Enquanto França, Reino Unido e Alemanha responsabilizaram nesta segunda-feira o regime Assad pelo massacre, a Rússia distribuiu culpas entre o governo e a oposição. EFE