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Em meio a tensões, Xi Jinping inicia 1ª viagem à Europa em 5 anos

O líder chinês chegou nesta terça a Paris, onde deve ser pressionado sobre a guerra na Ucrânia e os subsídios do seu governo a empresas de carros elétricos

Por Da Redação
Atualizado em 8 Maio 2024, 13h57 - Publicado em 6 Maio 2024, 12h03

O presidente chinês, Xi Jinping, desembarcou na França nesta segunda-feira, 6, dando início a sua primeira viagem à Europa em cinco anos. Temas como a guerra na Ucrânia e subsídios chineses a fabricantes de veículos elétricos devem ser foco das discussões com o bloco europeu. 

Para analistas, a viagem tem como objetivo reparar as relações na Europa, prejudicadas pelo apoio da China à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Isso envolve diretamente a agenda de segurança econômica da União Europeia em relação a Pequim, incluindo sua busca por independência das cadeias de produção chinesas. Durante a visita, Xi deve destacar os fortes laços com os seus principais parceiros europeus, Sérvia e Hungria.

Na semana passada, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que Pequim estava pronta para “trabalhar com a França e a União Europeia para aproveitar esta reunião como uma oportunidade para tornar as relações mais estratégicas e estáveis”. Além da França, Xi visitará a Hungria e a Sérvia.

França

Em Paris, Xi se encontrará com o presidente francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no ano que marca os 60 anos das relações diplomáticas entre Pequim e Paris. O governo francês afirmou que as guerras na Ucrânia e em Gaza terão destaque nas discussões com a China, que manteve neutralidade e não condenou a Rússia por seu ataque a Kiev.

“Os intercâmbios serão centrados nas crises internacionais, principalmente na guerra na Ucrânia e na situação no Oriente Médio”, afirmou o Palácio do Eliseu em comunicado, se referindo à visita do presidente chinês.

Desde o início da guerra na Ucrânia, Pequim e Moscou estreitaram suas relações e Macron pretende persuadir o presidente chinês a se posicionar em relação à guerra e se envolver nos esforços pela paz na região. O presidente francês está cada vez mais firme em sua oposição à Rússia e chegou a sugerir que estaria disposto a enviar soldados para defender Kiev.

“Devemos continuar tentando envolver a China, que é objetivamente o ator internacional com maior influência sobre Moscou”, disse uma fonte diplomática ao jornal francês Le Monde.

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Os subsídios fornecidos pela China aos fabricantes de veículos elétricos nacionais também são fonte de preocupação para a Europa, que pretende abordar o assunto com Xi. Em setembro do ano passado, a Comissão Europeia iniciou uma investigação sobre os benefícios estatais concedidos a empresas chinesas, que dificultam o avanço de negócios internacionais devido à concorrência supostamente injusta.

Em entrevista à revista britânica The Economist na semana passada, Macron afirmou que conversaria com Xi sobre a importância da Europa proteger seus próprios fabricantes e indústrias.

Depois do encontro em Paris, Xi e sua esposa, Peng Liyuan, seguirão para a cordilheira dos Pireneus à passeio na terça-feira, 7, na companhia do presidente francês e sua mulher, Brigitte. Os casais devem andar no teleférico até o Pic du Midi, um observatório a 2.877 metros de altitude.

Sérvia e Hungria

Depois de sua passagem pela França, Xi viajará para a Sérvia e a Hungria, países que mantêm laços estreitos com a Rússia mesmo após a guerra na Ucrânia.

Xi desembarcará em Belgrado para um encontro com o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, no 25º aniversário do bombardeio da Otan à Embaixada da China no país, que deixou três pessoas mortas. Washington afirma que o ataque foi, na verdade, um acidente.

Desde o bombardeio, a China aumentou significantemente seus investimentos na Sérvia, que não é membro da União Europeia, e mantém uma relação firme com a nação do Leste Europeu.

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Na quarta-feira, 8, o presidente chinês viajará para Budapeste, onde encontrará o presidente húngaro, Viktor Orban. Os dois devem discutir os progressos da construção da ferrovia de alta velocidade entre Budapeste e Belgrado.

A Hungria assinou recentemente um acordo de cooperação em segurança com a China, que permite que policiais chineses trabalhem em áreas do país onde há grande presença de população chinesa, ou regiões populares entre os chineses. O presidente húngaro é um dos maiores apoiadores da Rússia na União Europeia e os laços entre os dois países preocupam o bloco.

Crimes contra a humanidade

Diversos ativistas das regiões do Tibete, região autônoma da China, e de Xinjiang, onde suspeita-se que o governo de Xi tenha cometido crimes contra a humanidade por prender cerca de 1 milhão de muçulmanos da etnia uigur em “campos de reeducação”, iniciaram protestos para atrair a atenção da União Europeia durante a viagem de Xi. 

A Human Rights Watch exigiu que Macron aborde a questão e peça a libertação das pessoas que foram presas injustamente em Xinjiang, além de questionar o presidente chinês sobre as cerca de 1 milhão de crianças tibetanas que estão sendo afastadas de sua língua e cultura e colocadas em internatos. 

“O presidente Macron deveria deixar claro a Xi Jinping que os crimes de Pequim contra a humanidade têm consequências para as relações da China com a França”, disse Maya Wang, diretora interina da China da Human Rights Watch. “O silêncio e a inação da França em matéria de direitos humanos apenas encorajam o sentimento de impunidade do governo chinês pelos seus abusos, alimentando ainda mais a repressão.”

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