Em meio a polêmicas, tribunal da Argentina anula julgamento sobre morte de Maradona
Decisão ocorre após uma das juízas que supervisionavam o processo renunciar por críticas sobre a sua participação em documentário sobre o caso

Um tribunal da Argentina anulou nesta quinta-feira, 29, o julgamento de sete profissionais de saúde acusados de negligência na morte de Diego Maradona, considerado um dos maiores jogadores de futebol da história, que faleceu em 2020. A decisão ocorre após uma das juízas que supervisionavam o processo renunciar em meio a críticas sobre a sua participação em um documentário sobre o caso.
A saída de Julieta Makintach obrigou a corte a ter de decidir entre nomear um novo magistrado para substituí-la ou reconsiderar o caso do zero. Os juízes bateram o martelo pela última opção nesta quinta-feira, o que atrasará o julgamento que busca solucionar se a morte de Maradona poderia ter sido evitada. Ainda não há uma data para as novas audiências.
Na terça-feira, Makintach afirmou que não teve outra “escolha” a não ser abandonar o caso, depois que um promotor exibiu o teaser do documentário Justiça Divina, que trata da morte de Maradona e do julgamento, no qual a juíza é apresentada como a protagonista principal.
“Posso dizer isso de coração, pelos meus filhos. Eu não conhecia esse material, não o tinha visto. Sei que vocês não vão acreditar em mim. Eu não sabia de nada, nem do roteiro. Espero que o julgamento possa prosseguir sem mim. Sinto muito mesmo, foi uma bagunça. Não posso assumir a responsabilidade por tudo isso porque não é meu. Estou tão chocada quanto todos vocês”, alegou ela.
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Entenda o julgamento
Maradona faleceu em 25 de novembro de 2020, aos 60 anos, enquanto se recuperava de uma cirurgia no cérebro para a retirada de um coágulo sanguíneo, após décadas de luta contra o vício em cocaína e álcool. Duas semanas após o procedimento, o ex-jogador foi encontrado morto na cama de uma casa alugada em Buenos Aires, para onde foi levado assim que recebeu alta do hospital. Na autópsia, foi descoberto que ele morreu de um ataque cardíaco.
O enfermeiro noturno disse que viu “sinais de alerta”, mas recebeu ordens de “não acordar” Maradona. Os réus no caso são um neurocirurgião, uma psiquiatra, um psicólogo, um coordenador médico, um coordenador de enfermagem, um médico e o enfermeiro noturno. O enfermeiro diurno, que encontrou o astro argentino morto, pediu para ser julgado separadamente.
Os promotores acusaram a equipe médica de pressionar o ex-jogador a receber cuidados em casa, o que se mostrou “imprudente” e “totalmente deficiente”, segundo a acusação. Eles alegam ainda que Maradona foi abandonado à própria sorte por um “período prolongado e agonizante” antes de sua morte.
Cada réu pode pegar entre oito e 25 anos de prisão se for condenado por “homicídio com possível intenção”. Todos alegam inocência. Em 2021, um painel de vinte especialistas convocado pelo promotor público da Argentina concluiu que Maradona “teria tido uma chance melhor de sobreviver” com tratamento adequado em um hospital. A residência onde ele estava hospedado não tinha desfibrilador.