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Em meio à guerra na Ucrânia, gasto militar mundial bate novo recorde

Europa retomou níveis de gastos militares da Guerra Fria; EUA continuam sendo maior gastador, enquanto investimento do Brasil no setor cai

Por Da Redação
24 abr 2023, 10h01

Um relatório publicado pelo centro de pesquisas Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês) revelou nesta segunda-feira, 24, que gasto militar global total aumentou 3,7%em 2022, atingindo um novo recorde de US$ 2,24 trilhões (R$ 11,34 trilhões).

No ano passado, os gastos militares na Europa tiveram seu maior aumento ano a ano em pelo menos três décadas. Os três maiores gastadores – Estados Unidos, China e Rússia – representaram 56% do total mundial. De acordo com a pesquisa, a guerra na Ucrânia foi o principal fator para o incentivo a gastos militares em 2022.

Embora o investimento global no setor militar tenha crescido pelo oitavo ano consecutivo, o último ano viu aumentos mais acentuados, com destaque para a Europa (13% a mais). O valor é amplamente justificado pelos gastos da própria Rússia e da Ucrânia com o conflito, mas também inclui poderosa ajuda bélica do Ocidente a Kiev.

Além disso, preocupações com a ameaça russa à soberania de outras nações influenciaram as decisões de gastos de muitos outros estados.

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“O aumento contínuo dos gastos militares globais nos últimos anos é um sinal de que estamos vivendo em um mundo cada vez mais inseguro”, disse Nan Tian, co-autor da pesquisa. “Os Estados estão reforçando o poderio militar em resposta a um ambiente de segurança em deterioração, que eles não preveem que vai melhorar .”

Os gastos militares da Europa Central e Ocidental totalizaram US$ 345 bilhões (R$ 1,75 trilhões) em 2022 – 30% maiores do que há uma década –, o que pela primeira vez ultrapassam os de 1989, quando a Guerra Fria estava terminando.

Vários países aumentaram significativamente seus gastos militares após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, enquanto outros já anunciaram planos para incrementar os níveis de investimento por períodos de até uma década.

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“A invasão da Ucrânia teve um impacto imediato nas decisões de gastos militares na Europa Central e Ocidental. Isso incluiu planos plurianuais para aumentar os gastos de vários governos”, disse Diego Lopes da Silva, outro autor da pesquisa. “Como resultado, podemos esperar razoavelmente que os gastos militares na Europa Central e Ocidental continuem aumentando nos próximos anos.”

Alguns dos aumentos mais acentuados foram observados na Finlândia (36%), Lituânia (27%), Suécia (12%) e Polónia (11%).

Para Lorenzo Scarazzato, pesquisador do Sipri e também autor do estudo, as preocupações com a Rússia já cresciam antes mesmo da invasão à Ucrânia.

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“Muitos ex-Estados do bloco oriental mais do que dobraram seus gastos militares desde 2014, ano em que a Rússia anexou a Crimeia”, afirmou Scarazzato.

Entre os membros do conflito direto, os gastos militares cresceram cerca de 9,2% na Rússia, batendo US$ 86,4 bilhões (R$ 437,4 bilhões). Isso equivale a 4,1% do PIB russo em 2022, um salto dos 3,7% em 2021. Além disso, dados do final de 2022 mostram que os gastos com a defesa nacional, a maior componente das despesas militares russas, já eram 34% mais elevados do que nos planos orçamentais de 2021.

“A diferença entre os planos e os gastos reais em 2022 sugere que a invasão da Ucrânia custou à Rússia muito mais do que o previsto”, disse Lucie Béraud-Sudreau, pesquisadora do Sipri.

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Já os gastos militares da Ucrânia atingiram US$ 44,0 bilhões (R$ 222 bilhões), o que representou um salto de 640%, o maior aumento anual já registrado pelo Sipri. Enquanto isso, a carga militar no PIB disparou para 34% em 2022, de 3,2% em 2021.

Ao redor do globo

Os Estados Unidos continuam sendo, de longe, o maior gastador militar do mundo, com US$ 877 bilhões (R$ 4,44 trilhões) em 2022, o que representou 39% do total global e três vezes mais do que o montante da China (o segundo maior gastador do mundo).

O aumento de 0,7% em termos reais nos gastos dos americanos em 2022 teria sido ainda maior se não fosse pelos níveis mais altos de inflação desde 1981, e é amplamente explicado pelo nível sem precedentes de ajuda militar financeira fornecida à Ucrânia, que totalizou US$ 19,9 bilhões (R$ 100 bilhões) no ano passado.

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Embora esse tenha sido o maior montante de ajuda bélica dado por qualquer país a um único beneficiário desde a Guerra Fria, ainda foi apenas 2,3% do gasto militar total dos Estados Unidos. O governo americano alocou US$ 295 bilhões para operações e manutenção militar, US$ 264 bilhões para compras, pesquisa e desenvolvimento e US$ 167 bilhões para militares.

O gasto militar combinado dos países da Ásia e da Oceania foi de US$ 575 bilhões, ou 2,7% a mais do que em 2021 e 45% a mais do que em 2013, continuando uma tendência ascendente ininterrupta desde 1989.

A China continuou sendo o segundo maior gastador militar do mundo, alocando cerca de US$ 292 bilhões em 2022. Isso foi 4,2% a mais do que em 2021 e 63% a mais do que em 2013. Os gastos militares da China aumentaram por 28 anos consecutivos.

Os gastos militares do Japão cresceram 5,9% entre 2021 e 2022, atingindo US$ 46,0 bilhões, ou 1,1% do PIB. Este foi o nível mais alto de gastos militares japoneses desde 1960. Uma nova estratégia de segurança nacional publicada em 2022 estabelece planos ambiciosos para aumentar a capacidade militar do Japão na próxima década em resposta às crescentes ameaças percebidas da China, Coreia do Norte e Rússia.

“O Japão está passando por uma mudança profunda em sua política militar”, disse Xiao Liang, pesquisador do Sipri. “As restrições do pós-guerra que o Japão impôs aos seus gastos e capacidades militares parecem estar diminuindo.”

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