Em meio a disparos, Israel e Hamas negociam trégua de um mês em Gaza
Desavenças sobre como acabar permanentemente com a guerra travam acordo; Tel Aviv prossegue com seus ataques a Khan Younis, no sul do enclave

Às vésperas do aniversário de quatro meses de guerra, Israel e o grupo terrorista palestino Hamas fizeram avanços rumo a um acordo para implementar cessar-fogo de 30 dias na Faixa de Gaza. As informações foram divulgadas pela agência de notícias Reuters nesta quarta-feira, 24, citando fontes próximas às negociações. Enquanto isso, porém, os ataques à cidade de Khan Younis, que as forças de Tel Aviv disseram ter cercado na terça-feira 23, continuam.
No novo acordo, reféns israelenses e palestinos detidos em Israel seriam libertados e seria permitida a entrada de mais alimentos e suprimentos médicos no enclave. O Catar, os Estados Unidos e o Egito, há semanas, têm mediado contatos entre Israel e o grupo que governa Gaza, buscando termos para uma pausa nos combates.
Em atividade diplomática intensa, o Catar disse na terça-feira que “recebe um fluxo constante de respostas de ambos os lados, o que, por si só, é motivo de otimismo”. O enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Brett McGurk, se encontra em Doha, onde vai participar de discussões “ativas”, disse a Casa Branca. Mais de 130 reféns israelenses ainda estão detidos em Gaza.
Entraves
Contudo, os dois lados continuam em desacordo sobre como chegar a um acordo de paz e acabar permanentemente com a guerra. De acordo com a Reuters, o Hamas insiste que esses termos devem ser incluídos em qualquer acordo de cessar-fogo. Já o porta-voz do governo israelense, Eylon Levy, disse na terça-feira que não haveria trégua se o Hamas continuasse no poder. Os Estados Unidos, maiores aliados de Israel, também defendem que o futuro governo de Gaza não poderia incluir líderes do Hamas.
Depois de o grupo palestino invadir comunidades do sul de Israel e matar indiscriminadamente 1.200 pessoas, pelo menos 25.700 habitantes de Gaza foram mortos na guerra, segundo o Ministério de Saúde local, controlado pelo Hamas. Outros milhares estão desaparecidos.
Khan Younis
Na maior operação num mês, Israel avançou pela maior cidade do sul de Gaza, Khan Younis, com tanques. Lá, se concentra a grande maioria da população palestina, de 2,3 milhões de pessoas, desde que foram forçados a deixar o norte do enclave – o foco inicial da guerra.
Na terça-feira, os militares israelenses ordenaram que uma área habitada por meio milhão de pessoas, segundo as Nações Unidas, e onde ficam três hospitais fosse esvaziada. Ao mesmo tempo, fecharam a estrada da cidade em direção à costa do Mediterrâneo, principal rota de fuga para os civis que tentavam chegar a Rafah, perto da fronteira com o Egito.
No oeste da cidade, onde ficam seus dois principais hospitais, as Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram ter matado “numerosos” esquadrões de homens armados “com franco-atiradores, tanques e ataques aéreos”. O braço armado do grupo Jihad Islâmica Palestina, aliada do Hamas, disse estar lutando contra soldados israelenses no oeste, sul e leste de Khan Younis.
Israel afirmou na terça-feira já ter matado cerca de 9 mil militantes no total, um número que o Hamas descartou como uma tentativa de “retratar uma falsa vitória”.