Em Mariupol, comandante ucraniano diz que suas tropas vivem ‘últimos dias’
'Inimigo está nos superando de dez para um (...) Tem vantagem aérea, na artilharia, nas forças em terra, nos equipamentos e tanques', diz militar em vídeo

Em um relato publicado nas redes sociais, um militar da Ucrânia fez um apelo nesta quarta-feira, 20, para que líderes internacionais ajudem a salvar a vida de soldados e civis que tentam se proteger do cerco das tropas russas em Mariupol. A cidade, que virou símbolo da destruição da guerra, é o último obstáculo para a conclusão da “ponte terrestre” da Rússia para a Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Em vídeo postado no Facebook, Serhiy Volyna, comandante da Marinha da Ucrânia, disse que os militares em que lutam em Mariupol enfrentam seus “últimos dias, talvez horas”.
“O inimigo está nos superando de dez para um (…) Tem vantagem aérea, na artilharia, nas forças em terra, nos equipamentos e tanques”, afirma.
Segundo o militar, mais de 500 combatentes feridos e centenas de civis, incluindo mulheres e crianças, estão abrigados nas siderúrgicas de Azovstal, em Mariupol, tentando se proteger da ofensiva da Rússia. Citando o contexto e o desespero entre os abrigados, Serhiy pediu ajuda externa.
“Apelamos e imploramos a todos os líderes mundiais para nos ajudarem. Pedimos que
“, afirmou.Paralelamente, o governo da Ucrânia tenta acordo com a Rússia para retirar civis da cidade sitiada. A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, anunciou nesta quarta que vai abrir um corredor humanitário para retirar civis, priorizando mulheres, crianças e idosos.
O país governado por Volodymyr Zelensky pretende retirar 6.000 civis em 90 ônibus. Em comunicado a uma rede de TV ucraniana, o prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, estimou que cerca de 100.000 civis permanecem na cidade e dezenas de milhares foram mortos.
De acordo com a agência de notícias russa RIA, na última terça-feira, 19, o Ministério da Defesa da Rússia propôs um cessar-fogo em Mariupol, com a condição de que soldados ucranianos entregassem suas armas e se rendessem.
Moscou está se aproximando do controle total da cidade ucraniana. Bombardeios e confrontos em solo deixaram grande parte da região pulverizada, matando pelo menos 21.000 pessoas, segundo estimativas ucranianas. A queda marcaria o avanço mais estratégico para a Rússia desde o início da invasão ao país vizinho.
A cidade, uma das maiores da Ucrânia perto da fronteira com a Rússia, é o último obstáculo para a conclusão da “ponte terrestre” da Rússia para a Crimeia, anexada por Moscou em 2014. A área também é cobiçada por seu acesso ao Mar de Azov, que se conecta ao Mar Negro – um dos poucos pontos de água navegável da região.