Em grande troca, El Salvador liberta imigrantes por americanos detidos na Venezuela
Caracas passou a prender americanos no final do ano passado como moeda de troca em negociações com o governo de Donald Trump

El Salvador libertou mais de 200 venezuelanos em troca da soltura de 10 americanos detidos na Venezuela, anunciou o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, nesta sexta-feira, 18. No X, antigo Twitter, o líder ultradireitista afirmou que grande parte dos detentos enfrentava “múltiplas acusações de assassinato, roubo, estupro e outros crimes graves” — uma informação negada por uma investigação do jornal americano The New York Times, que encontrou acusações criminais graves contra apenas 32 dos homens.
“Como foi oferecido ao regime venezuelano em abril, realizamos essa troca em troca de um número considerável de presos políticos venezuelanos, pessoas que o regime manteve em suas prisões por anos, bem como todos os cidadãos americanos que mantinha como reféns”, escreveu Bukele.
“Esta operação é o resultado de meses de negociações com um regime tirânico que há muito se recusava a libertar uma de suas moedas de troca mais valiosas: seus reféns. No entanto, graças aos esforços incansáveis de muitas autoridades dos Estados Unidos e de El Salvador, e acima de tudo, graças a Deus Todo-Poderoso, ela foi alcançada”, acrescentou ele.
Today, we have handed over all the Venezuelan nationals detained in our country, accused of being part of the criminal organization Tren de Aragua (TDA). Many of them face multiple charges of murder, robbery, rape, and other serious crimes.
As was offered to the Venezuelan… pic.twitter.com/teuIT4GiRT
— Nayib Bukele (@nayibbukele) July 18, 2025
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EUA x Venezuela
Após o anúncio de Bukele, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou que “dez americanos que foram detidos na Venezuela estão a caminho da liberdade” e agradeceu o líder salvadorenho por “ajudar a garantir um acordo para a libertação de todos os nossos detidos americanos, além da libertação de prisioneiros políticos venezuelanos”.
A Venezuela, por sua vez, condenou o envio de imigrantes ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot, na sigla em inglês), uma prisão de segurança máxima em El Salvador, pelos EUA. As famílias dos prisioneiros negaram as acusações de Washington de que eles estavam envolvidos com a gangue venezuelana Tren de Aragua e denunciaram que o grupo foi deportado sem o devido processo legal.
Caracas passou a prender americanos no final do ano passado como moeda de troca em negociações com o governo de Donald Trump, que assumiu uma postura linha-dura contra imigração, de acordo com o NYT. Entre eles, estava Lucas Hunter , agora com 37 anos, que havia viajado para a Colômbia para praticar kitesurf. Ele, segundo a família, foi detido em território colombiano, perto da fronteira da Venezuela, no início de janeiro.
Antes da troca desta sexta-feira, seis americanos já haviam sido libertados em janeiro após uma visita fora de caráter de um funcionário da administração Trump à Venezuela. A soltura dos prisioneiros restantes virou assunto de discussão em maio, mas as tratativas estagnaram após Caracas perder confiança em Washington — dois funcionários americanos entraram em contato com o governo venezuelano com propostas diferentes, o que aumentou o ceticismo por parte do regime de Nicolás Maduro, disseram fontes familiarizadas ao jornal.