Antes dos resultados oficiais, o candidato à presidência da Argentina Sergio Massa falou a seus apoiadores, reconhecendo a derrota para o candidato ultra-liberal, Javier Milei. “As notícias não são aquelas que esperávamos”, disse Massa. “Entrei em contato com Milei para parabenizá-lo e desejar-lhe boa sorte, pois é o presidente que a maioria dos argentinos elegeu para os próximos quatro anos.”
Após agradecer aos votos que recebeu e aos funcionários que participaram das eleições que, segundo ele, mostram que a Argentina tem um “sistema democrático forte e transparente, que respeita os resultados”, Massa reafirmou a necessidade do candidato eleito respeitar o federalismo e os valores democráticos.
“Os argentinos escolheram outro caminho. A partir de amanhã, a responsabilidade, a tarefa de dar certezas, de transmitir garantias sobre o funcionamento político, social e econômico da Argentina, cabe ao novo presidente eleito e esperamos que o faça”, afirmou Massa. A partir de agora, o atual presidente, Alberto Fernández, vai participar da transição.
Longa carreira política
Derrotado em disputa apertada contra o ultra-liberal Javier Milei, Sergio Massa, de 51 anos, é um candidato experiente, com longa carreira política. Ficou conhecido pela relação tumultuada com os Kirchner, que começou como apoio, passou a ruptura e chegou a um eventual realinhamento nas eleições anteriores à presidência.
Massa começou a carreira política ainda na adolescência, militando pelo partido-liberal conservador União do Centro Democrático (UCD). Admirador de Carlos Menem, mudou para o Partido Judicialista e foi assessor do cantor Palito Ortega, candidato a vice-presidente pelo peronismo nos anos 1990.
Ainda jovem, aos 27 anos, elegeu-se deputado provincial de Buenos Aires. Nessa época, começou sua aproximação com o kirchnerismo. Nomeado para dirigir a Administração Nacional de Segurança Social (ANSES), cargo importante por conta da responsabilidade em controlar pensões e aposentadorias, manteve-se no cargo a pedido de Nestor Kirchner, eleito presidente em 2003. Ficou na função até 2007, quando se elegeu prefeito de Tigre, município da província de Buenos Aires.
Rompeu com os Kirchner alguns anos depois, em 2013, quando fundou o partido Frente Renovadora, que propunha a criação de uma via central, ou “larga avenida ao meio”, como chamou. Com o novo partido, foi eleito deputado nacional e tentou alcançar a presidência em 2015, como opção aos dois candidatos mais “tradicionais”, Daniel Scioli e o eleito, Mauricio Macri.
Em 2019, reatou com a grande coligação peronista e kirchnerista Frente de Todos, depois que a Cristina Kirchner cedeu a cabeça de chapa a Alberto Fernández, seu ex-chefe de gabinete. Com a vitória, assumiu a presidência da Câmara dos Deputados. Em julho de 2022, assumiu o Ministério da Economia.