Em cúpula sobre Ucrânia, UE discute colocar economia ‘em pé de guerra’
Presidente do Conselho Europeu pede que líderes do bloco 'tomem medidas radicais e concretas para sermos defensivos' contra a Rússia
Os líderes dos Estados-membros da União Europeia vão se reunir em Bruxelas nesta quinta-feira, 21, para discutir como aumentar o apoio militar e financeiro do bloco à Ucrânia. Diante da cúpula, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, lançou um apelo para que os países europeus coloquem suas economias “em pé de guerra“.
Nesta quinta-feira, os chefes de Estado dos países da União Europeia também devem examinar um plano polêmico – a ideia de confiscar os rendimentos dos ativos russos que estão congelados em bancos europeus, cerca de 27 bilhões de euros (cerca de R$ 146 bilhões), e usá-los para financiar o exército e a reconstrução da Ucrânia, devastada pela guerra.
Subida de tom
Michel, o presidente do Conselho Europeu, enviou uma carta aos líderes europeus antes da cúpula, em que se nota uma mudança de tom, agora mais duro, contra a Rússia. “Agora que enfrentamos a maior ameaça à segurança desde a Segunda Guerra Mundial, é tempo de tomarmos medidas radicais e concretas para sermos mais defensivos e colocarmos a economia da União Europeia em pé de guerra”, disse ele.
A linguagem reflete uma consciência crescente de que o bloco precisa ampliar o auxílio à Ucrânia não apenas para vencer a guerra contra os russos, mas também garantir a sua capacidade de defesa a longo prazo. Além disso, visa preparar os membros do bloco para aumentar seus orçamentos de defesa, incluindo para projetos como a aquisição conjunta de armas.
Para Michel, este é “um momento crucial”, em que outros países da União Europeia deveriam seguir a deixa da República Checa, que recentemente conseguiu comprar 300 mil unidades de munição de artilharia nos mercados estrangeiros em apenas três semanas.
Confisco de ativos russos
A outra grande – embora controversa – ideia à mesa é o confisco dos lucros de ativos russos, uma medida que os proponentes dizem ter potencial de arrecadar 27 bilhões de euros ao longo dos próximos quatro anos para a Ucrânia. No entanto, diplomatas avaliam que as propostas ainda estão repletas de dificuldades jurídicas.
Alguns membros do G7 foram ainda mais longe, e estão analisando se também poderiam usar o capital dos ativos russos, que inclui ouro, dinheiro e títulos, congelados nos seus países.
O Kremlin disse na quarta-feira 20 que tal medida seria uma “violação sem precedentes do direito internacional”.
A principal preocupação dos líderes é a perspectiva de que tribunais internacionais ordenem que todo o dinheiro seja devolvido à Rússia, destruindo a reputação da Europa como um porto seguro para os investidores no processo.