Em crise política, Haiti recorda 10 anos do terremoto que matou 200.000
País falhou na reconstrução e está sob risco de seu presidente, Jovenal Moise, governar por decreto a partir de segunda-feira
Por Da Redação
12 jan 2020, 11h07
Equipe de resgate retira menina de escombros 15 dias após o terremoto que devastou o Haiti. No dia 12 de janeiro, um abalo sísmico de magnitude 7 devastou a capital, Porto Príncipe, matando mais de 200.000 pessoas (Ramon Espinosa/AP/VEJA)
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1/39 Equipe de resgate retira menina de escombros 15 dias após o terremoto que devastou o Haiti. No dia 12 de janeiro, um abalo sísmico de magnitude 7 devastou a capital, Porto Príncipe, matando mais de 200.000 pessoas (Ramon Espinosa/AP/VEJA)
2/39 Haitiano recebe os primeiros-socorros da Cruz Vermelha após ser resgatado, em 13 de janeiro (Matthew Marek/AFP/VEJA)
3/39 Haitiana comemora o resgate de sua irmã, que foi tirada com vida dos escombros seis dias após o terremoto de 7 graus na escala Richter (Julie Jacobson/AP/VEJA)
4/39 Pai lamenta a morte da filha, vítima do terremoto que devastou Porto Príncipe, Haiti, em janeiro (Eduardo Munoz/Reuters/VEJA)
5/39 Em 26 de janeiro, 14 dias após o terremoto, este homem foi encontrado com vida em meio aos escombros (Ramon Espinosa/AP/VEJA)
6/39 Criança de dois anos reencontra a mãe depois de ter ficado dois dias sob os escombros causados pelo terremoto, em Porto Príncipe, em janeiro (Gerald Herbert/AP/VEJA)
7/39 A erupção do vulcão Eyjafjallajokul, Islândia, em 17 de abril (Jon Gustafson/AP/VEJA)
8/39 Em abril, a erupção do vulcão Eyjafjallajokul, na Islândia, provocou o cancelamento de voos em diversos aeroportos da Europa por conta da espessa camada de fumaça que expelia (Emmanuel Dunad/AFP/VEJA)
9/39 Motorista dirige em meio à fumaça expelida pelo vulcão islandês Eyjafjallajokul (Omar Oskarsson/AP/VEJA)
10/39 Manifestante em Srinagar, na Índia, protesta contra a ocupação da Caxemira. Nesta sexta-feira, uma intifada popular deixou quatro mortos e dez feridos (Dar Yasin/AP/VEJA)
11/39 Filha de um civil morto durante protesto na Caxemira lamenta a perda do pai. Nesta sexta-feira, soldados atiraram contra centenas de manifestantes que protestavam contra o domínio indiano na região. Dois civis morreram e outros 12 ficaram feridos (Dar Yasin/AP/VEJA)
12/39 Manifestantes protestam contra o governo em Srinagar, na Índia, em 18 de agosto (Foto: Tauseef Mustafa/AFP/VEJA)
13/39 Em março, os gregos saíram às ruas do país para protestar contra as medidas de austeridade fiscal e congelamento de salários propostos pelo governo para tentar conter as dívidas (Angelos Tzortzinis/AFP/VEJA)
14/39 Sobrevivente do ataque terrorista que ocorreu no metrô de Moscou no dia 29 de março. A explosão causada por duas mulheres-bomba matou pelo menos 38 pessoas (Vladimir Fedorenko/Reuters/VEJA)
15/39 Em Bangladesh, policial ameaça um garoto com um bastão. Pelo menos 15.000 empregados da indústria têxtil saíram às ruas para protestar contra os baixos salários e más condições de trabalho (Munir uz Zaman/AFP/VEJA)
16/39 Fogos de artifício explodem durante procissão do Festival Vegetariano em Phuket, na Tailândia (Athit Perawongmetha/Getty Images/VEJA)
17/39 Estudantes universitários protestam contra a reforma da previdência em frente ao Senado francês em Paris (Franck Prevel/Getty Images/VEJA)
18/39 Estudantes tomam a praça Trafalgar, Londres, para protestar contra o aumento nas taxas anuais de empréstimos estudantis (Matthew Lloyd/Getty Images/VEJA)
19/39 Em Amsterdã, Holanda, policial prende morador que vivia em imóvel abandonado. Nesta sexta, houve manifestações contra a proibição da ocupação dos imóveis (Koen Van Wee/EFE/VEJA)
20/39 Em abril, oposicionistas ao governo do Quirguistão se rebelaram contra o estado, enfrentaram as forças de segurança e depuseram o presidente Kurmanbek Bakiyev (Vyacheslav Oseledko/AFP/VEJA)
21/39 Em Moçambique, jovem manifestante participa de protesto contra o preço dos alimentos e combustíveis (Sergio Costa/AFP/VEJA)
22/39 Manifestante picha ônibus durante greve geral em Madri para protestar contra medidas de austeridade do governo (Victor R. Caivano/AP/VEJA)
23/39 Presidente do Equador, Rafael Correa, foi hospitalizado após protestos em Quito (José Jácome Rivera/EFE/VEJA)
24/39 Em Berlim, manifestante do Peta, organização que luta pelos direitos dos animais, protesta contra o consumo de carne (Markus Schreiber/AP/VEJA)
25/39 Em junho, o óleo que vazou da plataforma da petrolífera British Petroleum, no Golfo do México, chegou ao santuário de pelicanos no estado da Louisiania, no sul dos Estados Unidos, matando dezenas de animais (Charlie Riedel/AP/VEJA)
26/39 Em junho, o óleo que vazou da plataforma da petrolífera British Petroleum, no Golfo do México, chegou ao santuário de pelicanos no estado da Louisiania, no sul dos Estados Unidos, matando dezenas de animais (Charlie Riedel/AP/VEJA)
27/39 Vista aérea do vazamento de óleo no Golfo do México (Charlie Riedel/AP/VEJA)
28/39 Cientistas do Queensland Brain Institute utilizaram câmeras de alta tecnologia para fotografar criaturas do mar a mais de mil metros de profundiade, na cidade de Cairns, na Austrália - Queensland Brain Institute/Justin Marshall/AFP (veja.com/VEJA)
29/39 Pescador empurra a rede repleta de sardinhas em Durban. Todos os anos, nessa época, milhares de sardinhas passam pela costa lesta da África do Sul. Os cardumes atraem tubarões, golfinhos e gansos para as praias. Milhares de moradores e turistas acompanham o evento (Rajesh Jantilal/AFP/VEJA)
30/39 Dromedário, que participará de espetáculo natalino, caminha pela Sexta Avenida após sessão de fotos para a imprensa, em Nova York (Michael Nagle/Getty Images/VEJA)
31/39 O famoso urso polar Knut interage com visitante no zoológico de Tiergarten, Berlim (Odd Andersen/AFP/VEJA)
32/39 Ao se encontrarem pela primeira vez no zoológico de Hannover, na Alemanha, os ursos polares Nanuq e Sprinter disputam território (Holger Hollemann/AFP/VEJA)
33/39 Homem carrega tubarão pelas rua de Mogadishu, Somália (Feisal Omar/Reuters/VEJA)
34/39 Crianças judias ultra-ortodoxas em escola para meninos em Jerusalém (Ronen Zvulun/Reuters/VEJA)
35/39 Paquistaneses brincam em trampolim, na província de Punjab (Muhammed Muheisen/AP/VEJA)
36/39 Meninos muçulmanos estudam o Corão em Dar es-Salam, na Costa do Marfim (Rebecca Blackwell/AP/VEJA)
37/39 Criança sudanesa que sofre de desnutrição chora em hospital de Akobo, sudeste do Sudão. Em abril, a região enfrentou uma seca severa. (Roberto Schmidt/AFP/VEJA)
38/39 Crianças assistem a uma apresentação de mergulhadores em trajes antigos no aquário de Melbourne, na Austrália (William West/AFP/VEJA)
39/39 Jovens ginastas chineses em escola de Jiaxing, na província de Zhejiang (Stringer/Reuters/VEJA)
O Haitirecorda neste domingo, 12, as 200.000 vítimas do devastador terremoto ocorrido há exatos 10 anos desafiado por uma grave crise política. As eleições para a Assembleia Nacional previstas para novembro passado não ocorreram e, diante do fim do mandato dos atuais deputados na segunda-feira, 13, o impopular presidente Jovenel Moise terá a possibilidade de governar por decreto.
O quadro de fragilidade política aumentou depois do maior abalo sísmico enfrentado pelo país, assim como a grave crise sociopolítica com origem anterior a 2020. No verão de 2018, os escândalos de corrupção envolvendo Moise e todos os governos pós-terremoto causaram uma reação forte e violenta da população.
O presidente do Haiti, Jovenel Moise, popularidade baixa e suspensão de eleição parlamentar – 07/01/2020 (Chandan Khanna/AFP)
Os protestos que paralisaram o país entre setembro e dezembro do ano passado foram protagonizados principalmente pelos jovens que vivem com poucas expectativas de trabalho em um país marcado pela crescente violência de gangues armadas. Mais da metade dos habitantes do Haiti tem menos de 30 anos de idade .
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O abalo sísmico provocou ferimentos 300.000 pessoas. Entre as vítimas fatais estavam 21 brasileiros, entre os quais a médica brasileira Zilda Arns, coordenadora da Pastoral da Criança e irmã do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, e o representante civil da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), Luiz Carlos da Costa. As sequelas da tragédia continuam presentes na vida dos haitianos, amargurados com os esforços fracassados de reconstrução e com a contínua instabilidade política do país.
35 segundos
Por cerca de 35 segundos, um terremoto de magnitude 7 na escala Richter transformou a capita do Haiti, Porto Príncipe, e as cidades vizinhas de Gressier, Leogane e Jacmel em ruínas. Mais de 1,5 milhão de haitianos ficaram desabrigados, deixando as autoridades da ilha e a comunidade humanitária internacional diante de um desafio colossal em um país desorganizado em várias frentes econômicas e sociais.
“Foi uma década perdida, totalmente perdida”, resumiu o economista haitiano Kesner Pharel. “A capital não foi reconstruída, mas nossa má governança não é de responsabilidade exclusiva das autoridades locais. Em nível internacional, não vimos um mecanismo para administrar a ajuda, que permitisse ao país se beneficiar dela”.
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Haitiana carrega garrafão de água em rua de Croix des Bouquets – 02/01/2020 (Chandan Khanna/AFP)
Os bilhões de dólares prometidos pelos doadores internacionais nas semanas seguintes à catástrofe parecem ter desaparecido, alimentando a insatisfação dos sobreviventes, ainda hoje expostos aos mesmos perigos que existiam antes do terremoto.
“Dez anos depois, vemos uma concentração ainda maior de pessoas na região metropolitana”, afirmou Pharel. “Se tivéssemos um terremoto da mesma magnitude, os resultados seriam os mesmos, já que não houve acompanhamento na maioria das casas reconstruídas. O país nunca foi reconstruído e estamos de volta ao ponto de partida”, completou.
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O terremoto destruiu centenas de milhares de casas, além de prédios administrativos e escolas, sem mencionar 60% do sistema de saúde. O gabinete do então presidente René Preval chegou a despachar debaixo de uma árvore, diante do temor de desabamento da sede do governo.
Uma década depois, a reconstrução do principal hospital do país permanece incompleta, e as organizações não-governamentais lutam para compensar as muitas deficiências do Estado.
“Após o terremoto, vimos um grande fluxo de casos de traumas múltiplos, com um grande número de feridas. Agora, tivemos de reabrir o centro de trauma, embora as lesões não tenham a mesma origem e, infelizmente, mais de 50% dos atuais feridos que vemos sejam vítimas de tiros”, disse Sandra Lamarque, chefe da missão dos Médicos Sem Fronteiras no Haiti.
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