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Em ato de desobediência civil, manifestantes paralisam capital da Armênia

Milhares de armênios responderam à convocação do oposicionista Nikol Pashinian depois de sua candidatura ser recusada pelo Parlamento

Por Da redação
2 Maio 2018, 12h26

Dezenas de milhares de armênios saíram às ruas de Yerevan nesta quarta-feira (2), bloqueando avenidas e edifícios públicos, em protesto contra a recusa do Parlamento em aceitar o líder opositor Nikol Pashinian como candidato a primeiro-ministro. Os manifestantes se reuniram no centro da cidade em resposta à convocação de “desobediência civil” de Pashinian, que lidera um movimento de protesto no país desde 13 de abril.

Em uma demonstração de força, os manifestantes paralisaram a capital da Armênia, onde quase todas as ruas estavam fechadas ao trânsito e muitas lojas, fechadas. O transporte ferroviário foi afetado e a estrada que leva ao aeroporto bloqueada.

Nas ruas, a multidão exibe bandeiras armênias, faz barulho com cornetas e grita “Armênia livre e independente!”.

“Queridos, o metrô e as ferrovias foram paralisados”, afirmou Pashinian a seus seguidores, antes de informar que várias universidades e escolas se uniram ao protesto. Pouco depois, no entanto, Pashinian pediu a seus partidários que liberassem a estrada para o aeroporto.

A polícia não atuou até o momento para tentar acabar com os protestos.

Protesto da oposição na Armênia
Opositores armênios gritam palavras de ordem depois que o líder do movimento de protesto Nikol Pashinyan anunciou uma campanha nacional de desobediência civil, na Praça da República em Yerevan, Armênia – 02/05/2018 (Gleb Garanich/Reuters)
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“Vários cenários estão sendo discutidos. Cada cenário resulta na vitória do povo”, disse Pashinian. “O povo não vai desistir, os protestos não diminuirão”, afirmou à agência AFP Serguei Konsulian, um empresário de 45 anos.

A Armênia está há três semanas em uma crise política sem precedentes: um movimento de protesto provocou no dia 23 de abril a renúncia de Serzh Sarkisian, que havia sido eleito primeiro-ministro seis dias antes pelos deputados. Sarkisian foi presidente do país por 10 anos.

O Parlamento não conseguiu se reunir nesta quarta-feira por falta de quorum, após a recusa do Partido da Prosperidade a participar na sessão. “O país se encontra em uma situação de emergência. Nossa bancada inicia um boicote político”, afirmou um de seus deputados, Vahe Enfiagian.

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Nova votação na terça-feira

O Parlamento anunciou hoje que organizará uma nova votação em 8 de maio. Caso fracasse novamente em definir o chefe de Governo, a Câmara deverá ser dissolvida para a convocação de eleições legislativas antecipadas.

Os deputados, reunidos na terça-feira em sessão extraordinária para definir um novo primeiro-ministro, rejeitou a candidatura do opositor Pashinian, embora ele fosse o único nome na disputa.

O Partido Republicano, que governa o país e tem maioria no Parlamento, votou contra o nome de Pashinian. Dos 100 deputados que participaram na sessão, 55 rejeitaram o opositor e 45 votaram a favor do líder dos protestos. “Senhor Pashinian, não o vejo no cargo de primeiro-ministro”, afirmou Eduard Sharmazanov, porta-voz do Partido Republicano e vice-presidente do Parlamento.

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Antes da votação de terça-feira, vários deputados do partido no poder criticaram o que consideram falta de coerência do programa político de Pashinian. “Não se pode ser um pouco socialista e um pouco liberal”, declarou Sharmazanov.

Quando anunciou sua candidatura ao cargo de chefe de Governo, Pashinian multiplicou as demonstrações de força e reuniu, quase diariamente, seus partidários na Praça da República. Muitos armênios recordam as mortes de 10 manifestantes em 2008 em confrontos com a polícia, quando Serzh Sarkisian havia acabado de obter o primeiro mandato presidencial.

Pashinian passou à clandestinidade durante meses, antes de se entregar às autoridades. Foi detido, mas em 2011 ganhou a liberdade graças a uma anistia.

Os partidários de Pashinian afirmam que Serzh Sarkisian, presidente da Armênia de 2008 a 2018, e o Partido Republicano não reduziram a pobreza e a corrupção no país. Também  deixaram os oligarcas no controle da economia da ex-república soviética do Cáucaso, que tem 2,9 milhões de habitantes.

(Com AFP)

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