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Em artigo sobre G20, Bolsonaro pede reforma na OMC e Brasil na OCDE

Presidente diz que apresentou projeto de 'reforma abrangente' da Previdência, cita privatizações e não menciona perspectiva de crescimento menor

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jun 2019, 21h27 - Publicado em 19 jun 2019, 19h05

Em um artigo sobre suas expectativas para a reunião cúpula do G20 em Osaka, no Japão, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil quer entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) “sem demora”. No texto publicado na revista G20 Japan: The 2019 Osaka Summit, o brasileiro assinala, em alinhamento aos Estados Unidos, seu apoio à reforma da OMC.

“O sistema multilateral de comércio precisa ser reformado para completar seu propósito original de abrir mercados e promover o desenvolvimento de seus estados-membros”, afirmou. “Em um momento em que as tensões comerciais exigem um consenso renovado sobre as regras internacionais, o Brasil está absolutamente convencido de que o equilíbrio de interesses-chaves tem de ser garantido para se avançar nas reformas”, completou Bolsonaro, referindo-se a um tema que raramente tratou.

O presidente afirmou que o Brasil deseja integrar a OCDE o mais rápido possível, pois “só temos a ganhar ao adotar práticas e trocas internacionais melhores com outros países abertos a fluxos de comércio e investimento”.

Durante visita de Bolsonaro aos Estados Unidos em abril, o presidente Donald Trump prometeu apoiar a inclusão brasileira na organização.  Em troca, o governo concordou em “começar a renunciar” ao tratamento diferenciado dado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) aos países em desenvolvimento.

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Bolsonaro sugeriu ainda que apoia a proposta de reforma defendida por Washington na OMC. O governo de Trump é o maior crítico do modelo atual adotado pela entidade e afirma que o sistema multilateral tem sido maléfico a seus interesses comerciais por implicar na abertura desenfreada de mercados, favorecendo principalmente a China.

Na maior parte do texto, o presidente fala sobre um país que muitos brasileiros não reconhecerão. “O Brasil está com pressa. Em apenas quatro meses do meu governo, há sinais que mostram um claro avanço”, escreveu.

Quando tomou posse em janeiro, a previsão era de que a economia brasileira crescesse 2,2% no ano – taxa considerada abaixo do potencial, mas o dobro da registrada em 2018. O Brasil que Bolsonaro representará em sua primeira participação no encontro de líderes do G20, contudo, revisou sua estimativa de crescimento para do PIB para 1,6% em maio. No mercado, há quem aposte em um resultado menor que 1%.

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Nos dias 28 e 29 de junho, Bolsonaro fará sua estreia em uma reunião de cúpula do G20. O evento, que neste ano será realizado em Osaka, no Japão, é um dos mais importantes eventos internacionais.

O encontro dará a oportunidade ao governo de transmitir suas expectativas para o futuro do Brasil para o resto do mundo e, talvez, incentivar nova parceiras comerciais com as 20 maiores economias do planeta.

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Na manhã desta quarta-feira, 19, Bolsonaro anunciou pelo Twitter que tem planos de se encontrar, “em reunião privada”, com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, durante o evento.

A revista G20 Japan: The 2019 Osaka Summit reúne artigos de estudiosos e líderes do G20, entre eles Abe, o presidente argentino, Mauricio Macri, e o premiê italiano, Giuseppe Conte. A publicação foi organizada pelo professor John Kirton, diretor do grupo de pesquisa sobre o G20 da Universidade de Toronto, como uma preparação para o evento.

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Agenda do governo

Em seu artigo, o presidente aproveitou para defender algumas das principais agendas de seu governo, como a reforma da Previdência e a seu programa de privatizações.

“Após anos de discussões malsucedidas, apresentamos uma reforma abrangente do nosso sistema de Previdência Social”, afirma o presidente. “A estimativa é cortar mais de 250 bilhões de dólares em gastos nos próximos 10 anos, protegendo os pobres e combatendo privilégios”, completa, sem se referir à perspectiva de conclusão da tramitação da proposta, alterada na Câmara.

Bolsonaro cita ainda a concessão de “16 aeroportos, 27 terminais portuários e a ampliação da Ferrovia Norte-Sul ao setor privado” como uma de suas vitórias, assim como o pacote anticrime, apresentado ao Congresso pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Não faz menção, porém, ao decreto que facilitou o porte de armas e que foi, nesta semana, rejeitado pelo plenário do Senado.

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“Apresentamos um pacote anticrime que ataca a impunidade que induziu por tanto tempo a corrupção e o crime no nosso país”, diz.

Segundo o presidente, em conjunto com uma futura reforma no sistema tributário, essa proposta tem o objetivo de “virar a página da decadência política, econômica e moral que dominou o Brasil”.

Bolsonaro ainda elogia a decisão do G20 de priorizar discussões sobre “a qualidade da educação e suas contribuições para o desenvolvimento sustentável e a inovação”.

Para a área externa, ele defende um “processo de integração mais pragmático e orientado por resultados”, que levou à criação do Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul (Prosur) – uma tentativa do governo brasileiro de substituir a Unasur.

“Estamos resgatando a vocação de livre concorrência do Mercosul e vamos priorizar negociações que já estejam em estágio avançado, como a negociação com a União Europeia, a Associação Europeia de Livre Comércio e o Canadá”, diz, acrescentando que também iniciará negociações de comércio com Coreia do Sul, Singapura, Nova Zelândia e Estados Unidos.

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