Durante discurso de Macron, franceses fazem panelaço contra a reforma
Mudança na idade da aposentadoria foi sancionada no último sábado
O presidente da França, Emmanuel Macron, discursou nesta segunda-feira, 17, pela primeira vez desde que sancionou, depois de vários percalços, sua controversa reforma da Previdência. O pronunciamento foi recebido por uma série de panelaços nas ruas de cidades francesas como Paris, Marselha, Nantes e Rennes.
Organizado pela Associação pela Tributação das Transações Financeiras para Ajuda aos Cidadãos (Attac), o protesto parte da insatisfação da população com a legislação que aumenta a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos em todo o território francês. Em março, Macron passou a lei impopular sem uma votação na câmara dos deputados da França, invocando um artigo constitucional.
Durante o discurso televisionado, o líder francês reafirmou a importância da medida para os cofres públicos e lamentou “não termos conseguido chegar a um consenso”, ao fazer referência aos protestos constantes desde janeiro deste ano contra as medidas impostas pela reforma.
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Macron disse, ainda, compreender a insatisfação da população, que sente raiva por empregos que “já não lhes permite viver bem, preços crescentes de gasolina e compras”. Ao tratar das manifestações, ele divulgou um plano de 100 dias para combater os principais problemas do país.
“Esta reforma é aceita? Obviamente, não. Apesar de meses de negociações, não foi encontrado um consenso e lamento isso. Devemos tirar todas as lições disso”, refletiu o presidente.
Com medidas propostas pela primeira-ministra da França, Élisabeth Borne, a administração de Macron procura estabelecer “100 dias de apaziguamento, unidade, ambição e ação”, a partir de melhorias nas áreas da saúde, educação, trabalho e ordem social e democrática do país.
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Além disso, o governo pretende implementar a reforma previdenciária em 1º de setembro, seguindo o planejamento original. Apesar dos avanços, especialistas indicam que o descontentamento da população com Macron deve afetar os próximos rumos do país.
O espírito positivo do governo não foi acompanhado pela líder da Confederação Francesa Democrática do Trabalho, o maior sindicato da França, Laurent Berger. Ao relatar as falhas do discurso, ela apontou que “há apenas uma espécie de vazio” e que trabalhadores e representantes sindicais esperavam por um pronunciamento mais efetivo.
Um levantamento recente do Instituto de Pesquisa de Opinião e Marketing na França e no Exterior (Ifop) revelou que os eleitores estão mais propensos a votar na líder de extrema direita Marine Le Pen do que na atual administração. Nas suas redes sociais, Le Pen disse que “o destino político da reforma previdenciária não está selado” ao pedir que a população apoie políticos contra a reforma nas próximas eleições.