Drones ucranianos atingem estação petrolífera da Rússia às vésperas de reunião da Otan
Kiev tem promovido ataques de longo alcance contra estruturas importantes para a economia russa

Um ataque de drones promovido pela Ucrânia danificou 16 tanques de combustível no Terminal de Petróleo Morskoi, em Feodosia, na Crimeia ocupada pela Rússia. As informações foram divulgadas pelo Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas nesta quarta-feira, 15.
O episódio teria acontecido na segunda-feira 13 e, no dia seguinte, o incêndio provocado pelo ataque ainda podia ser visto. “Um incêndio de grande escala segue ativo no território da empresa”, declarou o Estado-Maior do exército ucraniano. Essa foi a segunda ofensiva contra o terminal em uma semana. Os tanques já haviam sido alvejados por drones no dia 6 de outubro, mas haviam resistido.
A estratégia de destruição de refinarias e estações de armazenamento de petróleo russas tem dado frutos para Kiev. No final de agosto, Moscou chegou a estabelecer racionamento de combustível devido a uma crise de abastecimento decorrente das constantes investidas de drones ucranianos. À época, o jornal americano The Wall Street Journal chegou a apontar uma interrupção de 13% da produção do país.
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Os impactos dos ataques ucranianos para a economia da Rússia são amplificados pelas sanções ocidentais decorrentes da guerra na Ucrânia, que dificultam os reparos das infraestruturas danificadas e a manutenção daquelas que estão de pé. Kiev vem atacando refinarias russas há dois anos, buscando resultados para além da esfera militar.
“Esses ataques não afetam diretamente a atividade militar, mas afetam a economia russa. E a economia russa já está em dificuldades, então mesmo um pequeno empurrão pode criar gargalos e multiplicar os problemas dentro desse sistema”, declarou o ex-ministro das Relações Exteriores ucraniano Pavlo Klimkin.
“Poder de fogo”
O rápido desenvolvimento da indústria de drones na Ucrânia permitiu que o país empreendesse operações do gênero sem grandes dificuldades. E existe a possibilidade de que as capacidades ofensivas de Kiev se ampliem no futuro próximo, uma vez que o secretário de defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, declarou nesta quarta-feira, 14, que o “poder de fogo” está chegando.
Na declaração feita em Bruxelas, onde ele participará de uma reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Hegseth garantiu que armamentos financiados por países europeus chegarão em breve na Ucrânia — embora isso não inclua, em um primeiro momento, os mísseis BMG-109 Tomahawk, desejo antigo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Os mísseis de longo alcance poderiam ampliar o raio dos ataques ucranianos em até 2.500 km, alcançando as profundezas da Rússia e ameaçando até mesmo a capital, Moscou. Zelensky deve pressionar Donald Trump pelo armamento durante seu encontro com o presidente americano nesta sexta-feira, 17, e poderá ser atendido. De acordo com a emissora CNN, a insatisfação de Trump com o mandatário russo, Vladimir Putin, o teria tornado disposto a entregar os Tomahawks à Ucrânia.
Até o momento, a Ucrânia já obteve US$ 2 bilhões em equipamentos militares através da iniciativa PURL (Lista de Requisitos Priorizados da Ucrânia), na qual diferentes países europeus se dispõem a financiar os armamentos (a maioria comprados dos Estados Unidos) que chegam ao país. É esperado que mais recursos sejam prometidos na reunião desta quarta.