Do hospital, papa Francisco nomeia novo bispo brasileiro
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, da diocese de Santos (SP), ascendeu ao cargo junto a outros três clérigos

Internado há dez dias no hospital público Gemelli, em Roma, o papa Francisco mesmo assim realizou na manhã desta segunda-feira, 24, a nomeação de quatro bispos, incluindo um brasileiro. A ação, que já estava programada, mostra que o pontífice tem conseguido se dedicar às atividades de trabalho apesar do “quadro complexo”, como vem fazendo desde o início da sua hospitalização, adiantaram fontes da Igreja Católica a VEJA.
O Santo Padre nomeou dom Joaquim Giovani Mol Guimarães a bispo coadjutor da diocese de Santos, em São Paulo, transferindo-o do Ofício de Auxiliar de Belo Horizonte.
Guimarães nasceu em 6 de janeiro de 1960, em Ponte Nova, no estado de Minas Gerais. Estudou filosofia e teologia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais e obteve o mestrado em teologia pastoral no Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus, em Belo Horizonte.
Recebeu a ordenação sacerdotal em 1988, pela Sociedade Salesiana de São João Bosco (Salesianos). Quatro anos depois, foi incardinado na Arquidiocese de Belo Horizonte, e nomeado bispo auxiliar em 2006.
Passou de pároco em Jaciguá, no Espírito Santo, a vigário antes de tornar-se professor de teologia sistemática e pastoral em alguns institutos de ensino superior. Depois, foi vice-reitor da PUC-MG e, de 2007 a 2022, atuou como reitor da universidade.
“Foi com alegria e satisfação que recebemos a notícia de sua nomeação para o ofício de bispo coadjutor da diocese de Santos, em São Paulo. Alegramo-nos com dom Tarcísio Scaramussa, bispo Salesiano Dom Bosco (SDB), que poderá contar com o seu apoio fraterno no pastoreio dessa porção do povo de Deus no Estado de São Paulo”, declarou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Também nesta manhã, do hospital Gemelli, o papa fez duas nomeações para dioceses italianas. Escolheu dom Riccardo Battocchio, do clero da Diocese de Pádua, que até então atuava como reitor do Almo Collegio Capranica, em Roma, para ser bispo de Vittorio Veneto. Para o Triveneto, apontou dom Camillo Cibotti, da diocese de Isernia-Venafro. O clérigo já era bispo, então as duas dioceses foram unificadas. Por fim, escalou o padre Eloy Alberto Santiago Santiago, que até então exercia a função de chanceler-secretário geral da diocese das Ilhas Canárias, como o novo bispo de San Cristóbal de La Laguna, em Tenerife, na Espanha.
Saúde do papa
O papa Francisco, hospitalizado em Roma no hospital público Gemelli desde o dia 14 de fevereiro, apresentou “leve melhora” e não teve episódios de crises respiratórias asmáticas, segundo informe do Vaticano divulgado na tarde desta segunda-feira, 24.
Em coletiva com veículos da imprensa, porém, oficiais do Vaticano ressaltaram que o quadro ainda é “crítico”. Questionadas por VEJA sobre quando seria possível ver uma foto do papa, autoridades da Santa Sé responderam que “talvez em breve”.
O boletim médico divulgado mais cedo nesta segunda informou que o pontífice passou uma “noite tranquila, dormiu e está repousando”. Pela manhã, recebeu a Eucaristia, enquanto à tarde retomou suas atividades laborais (na noite anterior, já havia telefonado ao pároco de Gaza).
Desde que se ausentou, o pontífice teve seu pior dia no sábado 22, quando sofreu uma crise respiratória asmática longa, exigindo a administração de oxigênio em alto fluxo. No mesmo dia, foi detectada uma redução no número de plaquetas (plaquetopenia) associada à anemia, tornando necessária a realização de transfusões sanguíneas. No domingo, em comunicado distribuído à noite, o boletim informou que o Santo Padre apresentou uma leve insuficiência renal, mas o Vaticano afirmou nesta segunda que isso “não é uma preocupação”.
Segundo a imprensa italiana, um dos maiores receios da equipe médica, mencionado em coletiva de imprensa, é o risco de sepse – uma infecção generalizada que se espalha pelo sangue e pode afetar todo o corpo.
Embora continue lúcido, compromissos foram cancelados, incluindo uma audiência papal e sua participação na missa dominical. Desde o início da semana passada, os boletins médicos passaram a descrever a situação como “complexa”, depois que ele foi diagnosticado com uma infecção polimicrobiana e pneumonia bilateral – quando a doença afeta os dois pulmões.
Depois de dar entrada no hospital com uma bronquite, as novas doenças identificadas levaram a uma alteração nos tratamentos.
Enquanto isso, fiéis em todo o mundo seguem em oração por Francisco, esperando notícias positivas sobre sua recuperação. Além disso, está prevista para a noite desta segunda-feira, 24, às 21h (17h no horário de Brasília), uma oração coletiva para rezar o terço (Santo Rosario, em italiano), conduzida pelo cardeal italiano Pietro Parolin, nome forte que a imprensa italiana vem apontando para um possível conclave.