Dezenas de foguetes libaneses atingem Israel após ataques em Al-Aqsa
Exército de Israel afirmou que 34 foguetes foram lançados, mas apenas seis atravessaram suas defesas aéreas
Os militares israelenses informaram nesta quinta-feira, 6, que dezenas de foguetes foram disparados do Líbano contra Israel, em meio a tensões regionais devido a batidas policiais israelenses na mesquita de al-Aqsa em Jerusalém.
Segundo a Força de Defesa de Israel (FDI), cerca de 34 foguetes foram lançados do território libanês em direção ao território israelense, porém a maioria dos projéteis foi interceptada e somente seis chegaram atingir o país.
Diversos vídeos postados nas redes sociais mostraram os foguetes atravessando os céus e sons de explosões à distância. Em resposta, o país fechou seu espaço aéreo. Até o momento, nenhuma morte foi relatada e não se sabe qual grupo Líbano lançou os foguetes.
For the first time since 2006, the northern Israeli colonies are under attack by heavy rocket shelling coming from Lebanon. Israeli Iron Dome failed to intercept. How will Israel deal with more sophisticated and powerful Hezbollah missiles in a future war?pic.twitter.com/JXjY76CGVO
— Hadi Nasrallah (@HadiNasrallah) April 6, 2023
Um oficial de defesa da FDI relatou à emissora americana CNN que Israel ainda “decidiria o local e a hora” de sua resposta. Outro porta-voz militar israelense afirmou acreditar que o grupo militante que estava por trás dos ataques não era o Hezbollah do Líbano, mas sim o grupo palestino Hamas ou a Jihad Islâmica Palestina.
O exército libanês confirmou que vários foguetes foram lançados do sul do país, porém não deu detalhes sobre o responsável pelos lançamentos. No Twitter, afirmou que encontrou “lançadores de mísseis e vários foguetes destinados ao lançamento” nas proximidades das cidades de Zibqin e Qlaileh, e estava “atualmente trabalhando para desmontá-los”.
O porta-voz internacional e tenente-coronel, Richard Hecht, apontou que a FDI presumiu que “o Hezbollah sabia disso e o Líbano também tem responsabilidade”. No entanto, ele enfatizou várias vezes que as forças armadas viam a Palestina como culpada, e que não representava uma ampliação do conflito para atores fora do conflito direto israelense-palestino.
A agência estatal israelense de notícias informou que o Ministério das Relações Exteriores libanês comunicou que estava pronto para cooperar com as Nações Unidas para tomar medidas que restaurassem “a calma e a estabilidade” no sul, enquanto conclamava “a comunidade internacional a pressionar Israel para parar a escalada”.
O incidente ocorreu apenas um dia que o líder do grupo militante palestino, Hama Ismail Haniyeh, chegou a Beirute para reuniões com autoridades do Hezbollah.
A tensão política não para de crescer nas regiões, principalmente depois que a polícia israelense invadiu a mesquita al-Aqsa em Jerusalém em duas ocasiões distintas nesta quarta-feira 5. A invasão ocorreu enquanto os fiéis palestinos faziam as orações do mês sagrado do Ramadã.
Imagens gravadas dentro da mesquita mostraram oficiais israelenses espancando pessoas com cassetetes e coronhadas, prendendo centenas de palestinos. Porém, a polícia israelense afirmou que entrou na mesquita depois que “centenas de manifestantes” tentaram se proteger lá dentro.
O incidente, que foi condenado no mundo árabe e muçulmano, desencadeou o lançamento de foguetes de retaliação de Gaza contra Israel. O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, disse à CNN que “estamos em um momento muito perigoso”.
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“O que vemos acontecer na fronteira libanesa é obviamente uma consequência, uma reação ao que vimos acontecer em al-Aqsa”, acrescentou Safadi.
Apesar da trégua estabelecida depois da guerra de 2006, Líbano e Israel ainda são considerados estados inimigos. Nos últimos anos, vários lançamentos de foguetes de pequena escala do Líbano provocaram ataques de retaliação de Israel.
Embora poucas baixas tenham sido relatadas – o incidente com maior números de mortos foi uma troca de tiros em 2015, que matou dois soldados israelenses e um pacificador espanhol –, os ataques geram atritos na relação diplomática já deteriorada entre ambos os países.
O ataque foi o maior desde a guerra de 2006 entre os dois países, que deixou cerca de 1.200 libaneses e 165 israelenses mortos em uma troca de tiros, que envolveu um ataque aéreo israelense contra o Líbano e um bloqueio naval e aéreo. Na época, o Hezbollah disparou muitas rodadas de foguetes, atingindo profundamente o território israelense.