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Desenvolvimento econômico contrasta com graves problemas internos

Desigualdade social ainda é alarmante na 2ª maior economia do mundo

Por Cecília Araújo
17 ago 2010, 19h30

A China, que superou o Japão como a segunda maior economia do mundo, ainda apresenta graves problemas internos que comprometem a qualidade de vida da população. Especialistas ouvidos por VEJA.com apontam a má distribuição de renda como o principal motivo para o fato de grande parte dos chineses não ter acesso aos benefícios trazidos pelo desenvolvimento do país. Outros problemas citados foram o controle excessivo do governo e a poluição.

Enquanto no Japão e nos Estados Unidos, o crescimento econômico se traduz em qualidade de vida, na China a situação é diferente. A renda per capta no país é de apenas 6.675 dólares por ano, bem mais baixa do que o índice japonês, que é de 32.443 dólares por ano, e do que o americano, que é de 46.436 dólares. Apenas cerca de 26% da população chinesa – composta por aproximadamente 1,35 bilhão de pessoas no total – participa do mercado de consumo do país, segundo Alexandre Uehara, professor de relações internacionais e membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo (Gacint- USP).

Apesar de estar no caminho para ampliar seu papel internacional, a China ainda enfrenta dificuldades em lidar com a democratização, de acordo com os padrões ocidentais. “O Ocidente pressiona o governo chinês para se tornar uma democracia. A grande dificuldade é como lidar com esse processo”, diz o professor James T.C. Wright, coordenador do MBA Executivo Internacional da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Veja abaixo as questões políticas e sociais mais problemáticas enfrentadas pelos chineses:

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Desigualdade social:

Na China, há uma grande diferença entre o padrão de vida das pessoas que vivem nas grandes cidades do litoral – onde estão localizadas as maiores indústrias importadoras, que criam emprego e renda – , e o interior do país, ainda pobre e com diferenças sociais enormes. “A desigualdade é, sem dúvida, a questão social mais importante e problemática do país. Com a abertura, o desenvolvimento econômico naturalmente se deu de maneira desigual, criando tensões entre pobres e ricos”, pontua Wright.

Para reduzir as tensões, a China inicia uma política que visa um desenvolvimento harmônico. Segundo Wright, “isso significa basicamente direcionar investimentos para o interior do país e estimular um crescimento mais equilibrado entre o interior mais pobre e o litoral que já teve benefícios”.

Poluição:

A questão do meio ambiente também é um problema grave na China, não só por causa da imagem negativa que passa no exterior, mas para sua própria sobrevivência. A poluição afeta gravemente a saúde da população e já atinge países vizinhos, como a Coreia do Sul. Grande parte dos rios está contaminada e muitas cidades enfrentam problemas com água potável. “O Japão passou por um processo semelhante, após a Segunda Guerra, priorizando o desenvolvimento econômico em detrimento do meio ambiente. Com a China acontece a mesma coisa”, explica Uehara. O especialista acredita que o crescimento econômico vai permitir mais recursos para se investir na área, porém deve levar um tempo para qualquer mudança nesse campo ocorrer.

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Educação e emprego:

O acesso à educação de qualidade e a perspectiva de melhoria na renda e na qualificação profissional são desafios novos e importantes na China. Enquanto os trabalhadores estão insatisfeitos, aumentam os casos de suicídios no país. “O suicídio de funcionários de fábricas chinesas reflete o fato de novas gerações estarem perdendo a esperança de um crescimento rápido e melhoria de bem-estar”, diz Wright. Como reação ao descontentamento dos trabalhadores, muitas empresas aumentaram salários de 18 a 30%, de acordo com ele.

Controle do governo:

Existem 800 milhões de chineses que querem sair de sua região e ir para cidades mais prósperas, diante da escassez de recursos. Os problemas sociais e políticos trazem desafios para o governo central manter um ritmo de crescimento econômico que atenda à expectativa de criação de empregos para todos.

A saída encontrada pelo Partido Comunista foi promover um crescimento controlado. O governo mantém o controle da população – por meio da censura, da restrição de direitos etc – para impedir qualquer deslocamento que possa prejudicar o desenvolvimento econômico do país. “Isso implica, porém, em limitar e postergar desejos individuais de maior liberdade e abertura democrática, o que, em algum grau, também prejudica o desenvolvimento”, conclui Wright.

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