De olho em depor Maduro, EUA traçam nova fase de operação na Venezuela, diz agência
Há poucas semanas, militares americanos de alto escalão apresentaram opções de ataques contra Venezuela a Trump, incluindo ofensivas por terra
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, designou oficialmente nesta segunda-feira, 24, o Cartel de los Soles — que, segundo a Casa Branca, é liderado pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro — como uma organização terrorista estrangeira. A movimentação ocorre enquanto os EUA caminham para uma nova fase de operações contra o regime chavista, que será iniciada a partir de operações secretas no país sul-americano, informou a agência de notícias Reuters na véspera.
Uma das autoridades dos EUA ouvidas pela Reuters disse, sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto, que “o presidente Trump está preparado para usar todos os recursos do poder americano para impedir que as drogas inundem nosso país e para levar os responsáveis à justiça”. As opções de operações, segundo a reportagem, incluem uma tentativa de derrubar Maduro.
A decisão da Casa Branca de rotular o Cartel de los Soles como terrorista “traz uma série de novas opções para os Estados Unidos”, disse o secretário de Defesa, Pete Hegseth, na semana passada. Trump também afirmou que a designação daria sinal verde ao governo para atacar bens e infraestruturas de Maduro, embora tenha sugerido que há espaço para diálogo. Dois funcionários americanos confirmaram à Reuters que Caracas e Washington conversaram nos últimos tempos, mas não há informações sobre em que pé estão as negociações.
Há poucas semanas, militares americanos de alto escalão apresentaram opções de operações contra Caracas a Trump. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, e outros oficiais entregaram planos atualizados, que incluíam ataques por terra. Segundo a emissora CBS News, a comunidade de Inteligência dos EUA contribuiu com o fornecimento de informações para as possíveis ofensivas na Venezuela, que variam em intensidade.
O planejamento militar ocorre em meio à crescente mobilização militar americana na América Latina e ao aumento das expectativas de uma possível ampliação das operações na região, em atos considerados como “execuções extrajudiciais” pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além do porta-aviões, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados foram despachados para o Caribe, enquanto Trump intensifica o jogo de quem pisca primeiro com o governo venezuelano.
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Tensão no Caribe
No final de outubro, o líder americano revelou que havia autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações em Caracas de que Washington quer derrubar Maduro. Fontes próximas à Casa Branca afirmam que o Pentágono apresentou a Trump diferentes opções, incluindo ataques a instalações militares venezuelanas — como pistas de pouso — sob a justificativa de vínculos entre setores das Forças Armadas e o narcotráfico.
Os EUA acusam Maduro de liderar o Cartel de los Soles e oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do chefe do regime chavista. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também foi acusado por Trump de ser “líder do tráfico de drogas” e “bandido”. Em paralelo, intensificam-se os ataques a barcos de Organizações Terroristas Designadas, como define o governo americano, no Caribe e Pacífico. Até o momento, foram 21 bombardeios, que resultaram em 80 mortes.
Os incidentes geraram alarme entre alguns juristas e legisladores democratas, que denunciaram os casos como violações do direito internacional. Em contrapartida, Trump argumentou que os EUA já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela, o que torna os ataques legítimos. Autoridades afirmaram ainda que disparos letais são necessários porque ações tradicionais para prender os tripulantes e apreender as cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos em direção ao país.
Dados das Nações Unidas enfraquecem o discurso de caça às drogas. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil — principal responsável pelas overdoses nos EUA — tem origem no México, e não na Venezuela, que praticamente não participa da produção ou do contrabando do opioide para o país. O documento também aponta que as drogas mais usadas pelos americanos não têm origem na Venezuela — a cocaína, por exemplo, é consumida por cerca de 2% da população e vem majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na última sexta-feira, 14, revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas dos Estados Unidos para matar suspeitos de narcotráfico, sem o devido processo judicial, uma crítica às ações de Trump. Em um sinal de divisão entre os apoiadores do presidente, 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações, e 10% a favor.
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