
Personagem cosmopolita, de variados interesses culturais, figura renascentista nascida no século XX, o escritor e roteirista britânico Mark Peploe trabalhou com alguns dos grandes nomes do cinema europeu, como Jacques Demy, René Clément, Michelangelo Antonioni e Bernardo Bertolucci. Com Antonioni, ele escreveu o roteiro de Profissão: Repórter, em 1975, estrelado por Jack Nicholson, um road movie filosófico em torno de um andarilho que assume a identidade de um morto, filme que ao terminar não cessa de nos incomodar. “Quem somos é a questão central de toda existência”, diria Peploe. Ele depois ganharia relevo internacional, alcançando Hollywood, com o Oscar de roteiro adaptado para O Último Imperador, de 1987, dirigido por Bertolucci, seu cunhado. Faz parte do catálogo de Peploe uma outra obra-prima bertolucciana, O Céu que Nos Protege, de 1990. Ele morreu em 18 de junho, aos 82 anos.
O escultor da alma italiana

Artista autodidata, com formação em engenharia, o escultor italiano Arnaldo Pomodoro ganhou fama com suas imensas bolas de bronze fraturadas que povoam diversas praças ao redor do mundo — de tão distribuídas, e muitas vezes imitadas, com o tempo perderam o impacto original, mas devem ser celebradas. Há esferas de Pomodoro do lado de fora do prédio das Nações Unidas, em Nova York, e dentro da cidade do Vaticano, entre outros cantos. A primeira-ministra Giorgia Meloni foi às redes sociais para lamentar a perda de um artista que “esculpiu a alma da Itália”. Pomodoro morreu em 22 de junho, aos 98 anos.
O pai de uma boa ideia

Estudante de administração da Universidade Yale, nos Estados Unidos, Frederick Smith recebeu uma mediana nota C ao apresentar um de seus trabalhos, em 1965. Nele, sugeria que uma economia cada vez mais automatizada pressupunha o envio rápido e confiável, de porta em porta, de pequenas peças de computador. Era a gênese, de olhar futurista e estratégico, da Federal Express, a FedEx, empresa de logística que emprega mais de meio milhão de pessoas — inspiração para a Total Express, do Grupo Abril. Em um dia, a FedEx envia mais de 17 milhões de pacotes por dia para cerca de 220 países e territórios. Fez fama, em 2000, o uso de uma embalagem da FedEx como peça de merchandising em Náufrago, filme estrelado por Tom Hanks. Na história, o personagem de Hanks — Chuck — trabalha para a marca. Ao ficar preso numa ilha, ele se torna obcecado em entregar um único pacote que foi salvo do acidente e que, por ética, ele nunca abriu. Piadas depois revelariam que, no embrulho, havia um aparelho de GPS e um celular carregado. Smith morreu em 21 de junho, aos 80 anos.
Publicado em VEJA de 27 de junho de 2025, edição nº 2950