

Poucas atrizes estão tão intimamente ligadas a tragédias e personagens gregos no cinema quanto Irene Papas. Em Os Canhões de Navarone (1961), filmado na Ilha de Rodes, ela interpretou uma combatente da resistência durante a II Guerra Mundial. Em Zorba, o Grego (1964) fez uma viúva apedrejada pela vizinhança em decorrência de seu relacionamento com um homem simples, na pele do inesquecível Anthony Quinn. Em Z, do diretor Costa-Gavras, premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro, foi aplaudida como a mulher de um deputado assassinado por oposicionistas, criação de Yves Montand. “Ela personificava a beleza grega nas telas e nos palcos”, anotou o Ministério da Cultura.
Adorada pelo público e aplaudida pela crítica, Papas trabalhou em sessenta produções. Em 2009 ganhou o Leão de Ouro de Veneza pelo conjunto de sua obra. Morreu em 14 de setembro, aos 96 anos, em Chiliomodi, na Grécia, de causas não reveladas pela família.
O diretor da geração perdida

Houve, na história do cinema dos anos 1960 e 1970, uma escola semelhante à nouvelle vague francesa da qual pouco se fala – o chamado Grupo dos Cinco, uma turma da Suíça colada ao inconformismo daquele tempo de revoluções. Seu mais destacado membro foi Alain Tanner. Ele dirigiu um longa de imenso sucesso no Brasil, especialmente entre os amantes das obras ao avesso dos blockbusters, Jonas que Terá 25 Anos no Ano 2000, de 1976. O menino que dá título ao filme tem 6 anos e vê o amanhã com a ingenuidade e esperança de quem mal começou a vida — os adultos a seu redor, numa comunidade pós-hippie, contudo, parecem perdidos. Para uma geração de pessoas deslocadas como os personagens de Jonas que Terá… ir ao cinema para assistir ao trabalho de Tanner, em tom de documentário com pitadas de drama e erotismo, era quase como um manifesto político — ele não escondia seu apoio aos movimentos de esquerda — ou então um divã de psicanálise. O diretor morreu em 11 de setembro, aos 92 anos, em Genebra.
A vida fora da Terra

Nenhum ser humano passou tanto tempo no espaço quanto o cosmonauta russo Valeri Polyakov. Entre 8 de janeiro de 1994 e 22 de março de 1995, ao longo de exatos 437 dias, ele permaneceu na Estação Espacial Mir. Orbitou nosso planeta exatas 7 075 vezes. Formado em medicina, Polyakov se voluntariou ao serviço espacial com um objetivo: provar que o organismo humano pode sobreviver à ação da falta de gravidade a caminho de Marte, se um dia lá pousarmos. As pesquisas em torno de sua permanência no cosmo são ainda hoje utilizadas pela Nasa. Ao retornar de sua aventura, ele disse: “Sinto-me grande e forte, capaz de lutar contra um urso”. Morreu aos 80 anos, em 19 de setembro, em Moscou.
Publicado em VEJA de 28 de setembro de 2022, edição nº 2808