Datas: George Smoot, Tomiichi Murayama e Daniel Naroditsky
As despedidas que marcaram a semana
Foi uma faísca instantânea, que se espalhou pelo mundo. Em abril de 1992, o americano George Smoot apareceu diante do seleto público de cientistas reunido para o encontro anual da Sociedade Americana de Física para dizer, por detrás das grossas lentes de seus óculos: “Se os senhores forem religiosos, o que eu vou mostrar equivale a olhar o rosto de Deus”. Smoot projetou numa tela a imagem ovalada de um mapa do universo feito a partir de dados enviados do espaço pelo satélite Cobe. Os olhos treinados do público de cientistas mal dissimularam a surpresa: ele conseguira chegar a algo que era apenas esperança, uma prova de que o cosmo nascera de uma explosão primordial, o Big Bang, a teoria mais aceita para o nascimento de tudo. Por meio do Cobe, ele medira as flutuações de energia que brotaram nos primórdios dos tempos.
Para Stephen Hawking, “foi a grande descoberta do século, se não a maior de todos os tempos”. Smoot e um companheiro de trabalho, John Mather, ganharam o Nobel de Física de 2006 pelas descobertas que ajudam a saber de onde viemos — ainda que não seja possível saber para onde vamos. Smoot morreu em 18 de setembro, aos 80 anos, mas a notícia só foi divulgada na semana passada.
Desculpas históricas
Em 15 de agosto de 1995, em marco ainda hoje lembrado com espanto, o primeiro-ministro japonês Tomiichi Murayama, que governou durante dois anos, pediu perdão pelas ações militares de seu país durante a Segunda Guerra Mundial, em especial contra os vizinhos asiáticos. Em comunicado distribuído para a imprensa e anunciado pelas emissoras de TV, como se fosse o roteiro de uma ficção improvável, ele escreveu: “Na esperança de que tal erro não seja cometido no futuro, considero, com espírito de humildade, esses fatos irrefutáveis da história, expresso mais uma vez meus sentimentos de profundo remorso e declaro minhas sinceras desculpas”. Murayama morreu em 17 de outubro, aos 101 anos.
Da arte de pensar
Ele foi um menino precoce. O grande mestre Daniel Naroditsky começou a se interessar pelo xadrez aos 6 anos, quando o irmão mais velho, Alan, lhe apresentou o jogo para entreter um grupo de crianças em uma festa de aniversário. Ele atraiu atenção internacional em 2007, ao vencer o Campeonato Mundial Juvenil sub-12, em Antália, na Turquia. Em 2010, aos 14, tornou-se um dos mais jovens autores de livros sobre xadrez ao publicar Mastering Positional Chess, obra sobre habilidades práticas e manobras técnicas. Na era das redes sociais, virou fenômeno. Seu canal no YouTube logo alcançou 500 000 inscritos, e suas transmissões na plataforma Twitch reuniram 340 000 seguidores, com centenas de milhares de espectadores atraídos por suas aulas em vídeo e partidas ao vivo contra outros jogadores. Naroditsky morreu em 19 de outubro, aos 29 anos, de causas não reveladas pela família.
Publicado em VEJA de 24 de outubro de 2025, edição nº 2967
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