Datas: Frank Drake, Sterling Lord e Charlbi Dean
O astrônomo, o agente literário de 'Pé na Estrada' e a atriz e modelo de 'Triangle of Sadness'

O astrônomo e astrofísico americano Frank Drake teve um único objetivo em setenta anos de carreira profissional: encontrar vida em outros planetas. Foi ele quem transformou uma ideia risível em atividade séria, compartilhada com pesquisadores renomados como Carl Sagan. No fim da década de 50, quando trabalhava no Observatório Nacional de Radioastronomia, em Green Bank, nos Estados Unidos, Drake começou a se indagar sobre que tipo de utilidade teria a gigantesca antena, um panelão de 25 metros de largura que acabara de ser construído. Depois de uma sucessão de cálculos, intuiu que, se outra geringonça semelhante existisse em um sistema a alguns anos-luz de nós, ambos os equipamentos poderiam se comunicar por meio de sinais de rádio. A ideia culminaria, em 1974, numa mensagem enviada ao cosmos, uma “carta de apresentação da humanidade” com informações como a constituição de um DNA, uma representação pictórica do sistema solar, os números de 1 a 10 etc. Não se sabe, ao menos até hoje, de contato estabelecido.
Drake, contudo, nunca abandonou o otimismo em sua busca permanente — que, se ainda não alcançou a meta primordial, a identificação de seres alienígenas, ao menos colaborou para o desenvolvimento de pesquisas astronômicas e o fascínio pelo tema. Ele transformou a ficção científica em ciência. No livro Vida Inteligente no Espaço, de 1962, escreveu: “Nesse exato minuto, com certeza absoluta, ondas de rádio enviadas por outras civilizações estão caindo na Terra. Algum dia, de algum lugar entre as estrelas, virão as respostas para algumas das perguntas mais antigas, relevantes e emocionantes que nos fazemos”. Drake morreu em 2 de setembro, aos 92 anos, em Aptos, na Califórnia, de causas não reveladas.
Pé na estrada

Foi um encontro improvável, em um escritório nova-iorquino. O ano: 1952. De um lado, um jovem urbano de 31 anos, de fala pausada, sóbrio, quase sempre de terno e camisa branca, Sterling Lord, agente literário que começava a procurar escritores. De outro, um andarilho beberrão, Jack Kerouac, de 29 anos, que tirou da mochila surrada um imenso manuscrito. Era Pé na Estrada, que Lord demorou quatro anos para conseguir vender a um editora, e por meros 1 000 dólares.
O livro, clássico da geração beat, venderia mais de 5 milhões de exemplares desde 1957, o relato de uma viagem pelos Estados Unidos de dois amigos, Sal Paradise e Dean Moriarty, repleta de sexo, drogas e liberdade. Depois da largada com Kerouac, Lord se transformaria em um dos mais reputados agentes literários americanos, promotor de nomes como Ken Kesey (Um Estranho no Ninho) e Howard Fast (Espártaco). Ele morreu aos 102 anos, em 3 de setembro, em Nova York.
Morte precoce

A atriz e modelo sul-africana Charlbi Dean ficou conhecida pelo papel da assassina Syonide, da série Raio Negro, exibida pela Netflix. Ela faz parte do elenco do filme Triangle of Sadness, do diretor sueco Ruben Östlund, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, ainda sem título em português. No longa, um casal de celebridades do mundo da moda é convidado para um cruzeiro de luxo exclusivo para pessoas muito ricas. Charlbi morreu em 29 de agosto, aos 32 anos, em Nova York, de causas não reveladas.
Publicado em VEJA de 14 de setembro de 2022, edição nº 2806