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Crianças amputadas em Gaza lutam para sobreviver após retomada dos ataques de Israel

Entre 3 e 4 mil jovens sofreram amputações no enclave palestino até 4 de novembro de 2024; Cortes na assistência humanitária dificultam tratamento

Por Sara Salbert 25 mar 2025, 10h06

Com o rompimento do cessar-fogo em Gaza e o corte de suprimentos de ajuda de Israel, as milhares de crianças que tiveram seus membros amputados devido a bombardeios no enclave palestino se encontram cada vez mais desamparadas, numa situação que a organização de ajuda humanitária das Nações Unidas, a OCHA, descreveu como o “maior conjunto de crianças amputadas na história moderna”.

Desde o início do conflito, há 17 meses, a demanda por próteses, cadeiras de rodas e tratamentos médicos superou em muito a oferta. Um cessar-fogo temporário em janeiro permitiu a entrada de alguns suprimentos, mas apenas 20% das necessidades foram atendidas, segundo Loay Abu Saif, chefe do programa de deficiência da organização Medical Aid for Palestine (MAP).

A situação se agravou com a retomada dos ataques israelenses e o bloqueio total da entrada de suprimentos médicos e humanitários em 2 de março. O número de amputados continua crescendo à medida que novos ataques ocorrem, matando centenas de palestinos.

Entre 3 e 4 mil crianças sofreram amputações em Gaza até 4 de novembro do ano passado, disseram Jamal al-Rozzi e Hussein ِAbu Mansour, dois especialistas proeminentes com programas de reabilitação no território, à agência de notícias The Associated Press. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que até 17.500 pessoas tiveram ferimentos graves nos membros e precisam de assistência.

Falta de tratamento

Muitos casos de amputações poderiam ter sido evitados, mas a escassez de medicamentos básicos impediu o tratamento adequado de infecções. Profissionais de saúde relatam que precisaram remover membros que, em outros contextos, poderiam ter sido salvos facilmente.

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Organizações humanitárias, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, oferecem próteses e reabilitação a centenas de pacientes, mas os recursos são insuficientes. Há uma demanda urgente por cadeiras de rodas, e Israel impede a entrada de materiais necessários para fabricar próteses, alegando que os insumos poderiam ser usados para fins militares.

Algumas crianças amputadas conseguiram ser enviadas para tratamento no exterior, mas o número de transferências é pequeno e tem diminuído devido à progressão dos ataques israelenses. Cerca de 13 mil pacientes aguardam autorização para sair de Gaza em busca de intervenções médicas.

Para os amputados, além disso, a realidade dura dos acampamentos de refugiados torna a recuperação ainda mais desafiadora.

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Traumas psicológicos

Além das dificuldades físicas, as crianças amputadas lidam com traumas psicológicos severos. Sila, uma menina que perdeu a perda em um ataque aéreo que matou seu pai, sua mãe e suas irmãs, ainda tenta brincar com outras crianças, mas cai constantemente. “Ela pergunta: ‘Por que sou assim? Por que não sou como elas?’”, relatou sua tia, Yasmine al-Ghofary, à Associated Press.

Outra vítima, Reem, de 11 anos, perdeu uma mão enquanto fugia com sua família. Agora, depende de outras pessoas para tarefas básicas e se isola quando não recebe ajuda. Sua mãe relatou episódios de desespero da menina, que chegou a dizer que preferia morrer.

Crianças mortas em Gaza

Israel continua bombardeando áreas densamente povoadas em Gaza. Na segunda-feira 24, o Ministério da Saúde palestino divulgou uma lista com os nomes de mais de 15 mil crianças mortas desde o início da ofensiva israelense, em 7 de outubro de 2023, em reação aos ataques terroristas do Hamas na mesma data. A lista inclui quase 5 mil crianças menores de 6 anos, com 876 bebês que não tinham completado um ano de idade.

No total, mais de 50 mil palestinos já morreram, e mais de 113 mil ficaram feridos. A destruição forçou o deslocamento de 90% da população de 2,3 milhões de pessoas.

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