Covid-19: Até 60 milhões de pessoas podem ser levadas à pobreza
A crise da Covid-19 pode 'apagar todo o progresso alcançado na redução da pobreza nos últimos três anos', alerta o Banco Mundial
O presidente do Banco Mundial, o americano David Malpass, disse nesta terça-feira, 19, que até 60 milhões de pessoas — o equivalente às populações dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro somadas — podem ser levadas à pobreza em todo o mundo, em especial nos países em desenvolvimento, pela pandemia da Covid-19. O organismo estima encolhimento de até 5% na economia global até o final de 2020.
“Os impactos econômicos e sanitários que a pandemia da Covid-19 e as medidas de quarentena causaram aos países em desenvolvimento são graves. Nossa estimativa é que até 60 milhões de pessoas serão levadas à pobreza extrema”, disse Malpass.
O Banco Mundial considera que uma pessoa está em condição de “pobreza extrema” se ela viver com apenas 1,90 dólares (10,90 reais) por dia. Se a estimativa da entidade estiver correta, Malpass afirma que “todo o progresso alcançado na redução da pobreza nos últimos três anos” será “apagado”.
Segundo os dados mais recentes do Banco Mundial, pouco menos de 10% da população mundial estava em condição de “pobreza extrema” em 2015. “Nossas previsões indicam recessão profunda neste ano na economia global”, acrescentou. O Fundo Monetário Internacional previ em abril passado que a economia mundial encolherá pelo menos 3% em 2020.
Ainda no final de março, a Organização das Nações Unidas já havia publicado um relatório apontando que a saída de capitais de países em desenvolvimento entre 21 de fevereiro e 20 de março chegara a quase 60 bilhões de dólares. A cifra é mais do que duas vezes superior aos 27 bilhões de dólares perdidos um mês depois do pedido de falência do banco americano Lehman Brothers, que desencadeou a crise financeira mundial de 2008.
Recuperação
O Banco Mundial anunciou também nesta terça-feira que exatos 100 Estados, principalmente países em desenvolvimento, receberam empréstimos da entidade para financiar seus programas de emergência em resposta à crise. Cerca de 70% da população mundial estaria sendo beneficiada.
A entidade movimentou cerca de 5,5 bilhões de dólares (31,5 bilhões de reais), mas promete investir ao todo 160 bilhões de dólares (918 bilhões de reais) ao longo de 15 meses. Dentre os países já beneficiados estão o Brasil e a China.
Malpass disse que esses investimentos “são adaptados para responder efetivamente aos choques de saúde, econômicos e sociais que cada país está enfrentando”. O objetivo é “reforçar os sistemas de saúde e também ajudar na aquisição de equipamentos e suprimentos médicos vitais”.
O americano também disse que pelo menos 14 países aceitaram ofertas para suspender pagamentos de dívidas, embora haja receio por parte de alguns governos nacionais de que a suspensão prejudique seu país na classificação de crédito e no acesso futuro ao mercado internacional.
(Com Reuters)