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Corpo de terrorista Osama bin Laden é sepultado no mar

Estados Unidos garantem ter respeitado rituais islâmicos após matar terrorista, mas clérigos muçulmanos discordam

Por Da Redação
2 Maio 2011, 15h04

Depois de morto numa operação americana de notável precisão, o líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, teve seu corpo sepultado no mar, de maneira quase imediata. “Encontrar um país disposto a aceitar os restos mortais do terrorista mais procurado do mundo seria difícil. Por isso, os Estados Unidos decidiram enterrá-lo no mar”, afirmou uma autoridade não identificada da Casa Branca. O desejo de impedir que o túmulo do terrorista se tornasse lugar de peregrinação também foi apontado como motivo para a decisão.

Segundo os americanos, os rituais islâmicos foram observados durante o sepultamento. “O corpo foi lavado e colocado em um lençol branco. Posteriormente, foi depositado em um saco com pesos. Um oficial militar leu os ditos religiosos que foram traduzidos para o árabe por um nativo da língua. Depois que as palavras foram pronunciadas, o corpo foi apoiado em uma tábua plana, inclinada para cima, e deslizou para o mar,” disse um oficial da Defesa dos EUA. A religião prevê ainda que o enterro aconteça até 24h depois da morte.

A escolha do mar como sepultura, no entanto, foi considerada inadequada por diversos cléricos muçulmanos. E o temor de que a sepultura de Bin Laden pudesse se tornar santuário também foi descartada como sem fundamento, uma vez que o islamismo proíbe a construção de monumentos fúnebres – daí porque até os reis da Arábia Saudita são enterrados em covas sem identificação.

Tradição – Um porta-voz do centro Al-Azhar, alta autoridade intelectual do islã sunita, foi enfático ao afirmar que o sepultamento no mar é um procedimento que vai contra as determinações islâmicas. “Se é verdade que lançaram seu cadáver ao mar, o islã é completamente contrário”, declarou Mahmud Azab, conselheiro do grande imã Ahmad Al Tayeb para o diálogo interreligioso, à agência de notícias France-Presse. “O islã não aceita a imersão no mar, apenas o enterro”, enfatizou.

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Contudo, há algumas raras exceções em que o procedimento é permitido, ressalva Mahmud Azab, como em casos de vítimas de naufrágio. Sites ligados à religião e citados pelo jornal britânico The Guardian reiteram que a prática é muito rara entre os muçulmanos, mas citam que isso seria possível também caso houvesse risco de que a sepultura fosse cavada por inimigos do morto, cujo corpo pudesse ser mutilado.

Especialista em estudos islâmicos de Al-Azhar, a universidade mais prestigiada entre os sunitas, Abdel Moti Bayumi, alerta que a decisão dos Estados Unidos de dar esse fim ao corpo de Osama bin Laden pode dar a seus seguidores outro motivo para se vingar dos EUA e seus aliados. “Gostaríamos que a sharia (lei islâmica) tivesse sido respeitada no enterro, apesar de não estarmos de acordo com o que ele fez e pensarmos que deformou o islã”, salientou.

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