Coreia do Norte desafia EUA e envia seu chanceler ao Irã
Visita oficial se dá no dia da reimposição das sanções americanas a Teerã; governo iraniano adverte Pyongyang sobre negociação nuclear com Washington
Em uma iniciativa desafiadora, o ministro de Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, viajou nesta terça-feira (7) a Teerã para encontrar-se com autoridades iranianas. Os compromissos se dão justamente no dia em que entram em vigor as sanções econômicas reimpostas pelos Estados Unidos contra o Irã.
Ri já reuniu-se hoje com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif. Por comunicado, o ministério informou que os dois chanceleres expressaram “satisfação com o nível das relações bilaterais” e também apostaram em “uma maior expansão” dos laços entre os dois países.
Os dois ministros também trataram “dos mais importantes eventos internacionais e assuntos de interesse mútuo”, acrescentou a ministério na nota, sem mais detalhes. Não estão previstas declarações à imprensa de Ri, que amanhã se reunirá com o presidente iraniano, Hassan Rohani.
Irã e Coreia do Norte são países que conviveram com sanções econômicas americanas por longos períodos – as impostas a Pyogyang ainda estão em vigor. A visita oficial do chanceler norte-coreano a Teerã certamente emite uma mensagem a Washington em matéria de acordo de desnuclearização.
A reimposição de sanções a Teerã é consequência da decisão do presidente americano, Donald Trump, de retirar seu país do Acordo Nuclear com o Irã, de 2015, assinado também pela França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia. A iniciativa americana, levada a cabo em 8 de maio, foi considerada por Teerã como descumprimento, pelos EUA, de seus compromissos internacionais.
Desde 8 de maio, o governo iraniano tem advertido Pyongyang sobre suas negociações com Trump sobre a desnuclearização da península Coreana. “Não sabemos com que tipo de pessoa está negociando o líder norte-coreano. Não está claro que ele (Trump) não vai cancelar o acordo antes de retornar para casa”, disse o governo iraniano após a histórica reunião do presidente americano e do líder norte-coreano, Kim Jong-un, em Singapura, em junho.
Embora a reunião tenha aberto um novo capítulo nas relações entre EUA e Coreia do Norte, cheia de gestos amistosos e declarações otimistas, as expectativas esfriaram. A Casa Branca garantiu há três dias que “manterá a pressão” diplomática e econômica sobre a Coreia do Norte depois de as Nações Unidas terem divulgado relatório sobre a continuidade dos programas de armas nucleares e de mísseis de Pyongyang.