Coreia do Norte acusa presidente da Coreia do Sul de tentar implementar ‘ditadura fascista’
Críticas foram publicadas em artigo do jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun, que definiu decreto de lei marcial de Yoon Suk-yeol como "insano"
A Coreia do Norte acusou nesta quarta-feira, 11, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, de tentar impor uma “ditadura fascista sobre o povo” ao declarar lei marcial, na semana passada. As críticas foram publicadas num artigo do jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun, que definiu o ato de Yoon como “insano”, com semelhanças ao “golpe de Estado da era da ditadura militar de décadas atrás”.
“O fantoche Yoon Suk Yeol, que já havia enfrentado uma séria crise de governança e impeachment, declarou lei marcial inesperadamente e lançou as armas da ditadura fascista sobre o povo”, disse o artigo.
O jornal também afirmou que os últimos dias “revelaram a fraqueza da sociedade sul-coreana, que a repentina declaração de lei marcial de Yoon é uma expressão de desespero e que a vida política de Yoon pode acabar cedo”. Na última semana, o presidente mergulhou o país num caos constitucional ao declarar lei marcial, um mecanismo que estabelece medidas drásticas em cenários de crise, em especial contextos de guerra, como a suspensão temporária de leis e dos direitos civis e sua substituição pelas regras e pela administração militar.
Na ocasião, ele justificou que a medida era necessária para proteger o país de “forças antiestatais” e “ameaças representadas pela Coreia do Norte”. Poucas horas depois, a Assembleia Nacional rejeitou a medida. Acuado, Yoon fez um pronunciamento televisionado à nação neste sábado, 7, para se “desculpar” pelo decreto. Ele afirmou que a decisão foi motivada por desespero e apresentou suas “sinceras desculpas ao povo que ficou chocado”, prometendo em seguida que não haveria uma segunda tentativa de implementá-la.
Em um raro apoio bipartidário, a Assembleia aprovou uma moção e nomeou conselheiro especial para investigar o caso da lei marcial. Yoon, seu ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, o ex-ministro do Interior, Lee Sang-min, além de uma gama de oficiais militares agora enfrentam investigações criminais por abuso de poder e insurreição.
+ Lei marcial: polícia sul-coreana faz buscas no escritório do presidente
Norte x Sul
As críticas do jornal podem parecer irônicas, uma vez que a Coreia do Norte é presidida por Kim Jong-un, considerado um ditador por parte da comunidade internacional. Os dois países estão separados desde que a Guerra da Coreia terminou em 1953. As nações, no entanto, ainda estão tecnicamente em guerra, já que nenhum acordo de paz foi assinado.
Os comentários ácidos iniciam um novo capítulo de provocações entre os vizinhos, em clima de tensão após meses de lançamentos de balões com fezes do Norte para o Sul como forma de retaliação pelo envio de propaganda de Seul a Pyongyang. Antes da queda do lixo, sul-coreanos soltaram balões contendo dinheiro, panfletos contra o governo norte-coreano, pendrives com vídeos de apresentações de K-pop (música pop coreana) e até Choco Pies – um lanche típico do país, que é proibido na Coreia do Norte.