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COP28: o que estará em pauta na cúpula das Nações Unidas sobre clima

Encontro em Dubai promete fazer um balanço do progresso de nações nas metas climáticas e pôr em xeque o futuro dos combustíveis fósseis

Por Henrique Barbi
27 nov 2023, 17h09

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28) vai começar nesta quinta-feira, 30, em Dubai, nos Emirados Árabes, depois de um ano marcado por recordes de temperatura e eventos climáticos extremos. O encontro dura duas semanas, e terá o desafio de encontrar um denominador comum entre dezenas de países para frear o aquecimento do planeta.

A reunião será marcada por ausências. Não comparecerão à COP nem o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, líderes dos maiores emissores de carbono do mundo. As baixas são um prenúncio negativo para a assembleia, que avaliará o cumprimento do Acordo de Paris de 2015, cuja meta era manter – em uma década, ou seja, até 2025 – o aumento da temperatura global a menos de 2ºC acima dos níveis pré-Revolução Industrial.

É esperado que os países aproveitem a oportunidade de avaliar os progressos na área do clima, de forma a reconhecerem seus atrasos e desenharem, juntos, um caminho viável. Isso pode incluir medidas urgentes, como a redução imediata de emissões de CO2 na atmosfera ou o aumento de investimentos em tecnologias verdes, para acelerar a transição a uma economia de baixo carbono.

Um ponto de inflexão nesse debate, antes mesmo do começo da COP, é a quem essas responsabilidades serão atribuídas. De um lado, há quem acredite que todos os países devem ser responder pelos atrasos nas metas. Outra turma defende que as nações mais ricas deveriam fazer mais que os países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, ainda no caminho da industrialização.

Outra conversa delicada que deve estar à mesa é sobre o futuro dos combustíveis fósseis como um todo. Ainda não se sabe o grau de comprometimento dos países com a eliminação gradual de carvão, petróleo e gás, todos emissores de CO2, algo que deve ganhar forma durante a conferência.

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Os Estados Unidos e a União Europeia já se mostraram dispostos a lutar por um acordo que estabeleça a redução geral da indústria de combustíveis fósseis. A Rússia, por outro lado, é uma opositora declarada da ideia. Dois anos antes, na COP26, houve um consenso sobre a redução do carvão na economia, mas a premissa não incluiu todas as fontes de energia que emitem carbono.

A liderança da COP28 ficará a cargo de Sultan al-Jaber, presidente do país sede. Ele já disse que “a redução de  gradual dos combustíveis fósseis é inevitável”, mas resta saber se vai ou não pressionar as nações petroleiras do Oriente Médio a embarcarem na ideia. Nos últimos tempos, o chefe de Estado tem enfrentado críticas por acumular as funções de líder da empresa estatal de petróleo e gás dos Emirados Árabes, ADNOC, e ao mesmo tempo liderar as negociações que ditarão o futuro do planeta.

Os anfitriões planejam usar o evento para falar em tecnologias nascentes, que foram criadas para capturar e armazenar CO2 no subsolo. No entanto, o custo elevado e o uso restrito dessas técnicas pesam contra seu uso generalizado. Muitos temem que esse tópico sirva de cortina de fumaça e seja usado para justificar a continuação das emissões.

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Uma proposta que parece ter vasta adesão é a de triplicar a capacidade de energia renovável e duplicar a poupança de energia até 2030, idealizada em conjunto pela União Europeia, pelos Estados Unidos e pela Presidência da COP28. Mas os países mais vulneráveis a eventos climáticos extremos preferem uma combinação entre ampliar o uso de energias renováveis e eliminar combustíveis fósseis, e defendem que uma ação não exclui a outra.

O financiamento para enfrentar as mudanças climáticas também deve ser tópico de disputa nesta edição da conferência. De acordo com as Nações Unidas, os países em desenvolvimento precisam de ao menos US$ 200 bilhões (cerca de R$ 980 bilhões) por ano até 2030 para se adaptarem aos impactos do aquecimento global, como o aumento do nível do mar, por exemplo – isso sem considerar o custo da troca de fontes energéticas.

A expectativa é de que os países criem um fundo emergencial para “perdas e danos”, que ajudaria nações mais pobres a lidar com catástrofes climáticas. O fundo deve superar os US$ 100 bilhões (R$ 490 bilhões) até 2030. Os valores elevados prometem apimentar as negociações.

Fora das conversas oficiais, governos e empresas devem fazer seus próprios anúncios particulares. Espera-se que os Emirados Árabes, por exemplo, lancem um compromisso por parte de suas produtoras de petróleo e gás para reduzir as emissões.

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