Conselho de Segurança sai em defesa de Guterres, declarado ‘persona non grata’ por Israel
Órgão disse que decisão de cortar laços com secretário-geral da ONU é 'contraproducente', em meio a 'tensões crescentes no Oriente Médio'
O Conselho de Segurança das Nações Unidas expressou nesta sexta-feira, 4, “total apoio” ao secretário-geral da ONU, António Guterres, poucos dias após o português ser declarado persona non grata por Israel, proibindo-o de entrar no país. Sem citar diretamente Israel, a Representante Permanente da Suíça na ONU, Pascale Baeriswyl, alertou para as possíveis consequências de cortar contato com o chefe da entidade. A Suíça ocupa a presidência rotativa do órgão
“Os membros do Conselho de Segurança afirmam seu total apoio ao secretário-geral da ONU, António Guterres, ao seu importante papel e ao da ONU em geral”, disse Baeriswyl, ao ler o comunicado em nome dos 15 países que compõe o Conselho, solicitando aos Estados que “se abstenham de quaisquer ações que prejudiquem seu trabalho e o de seu gabinete”.
“Os membros do Conselho de Segurança ressaltam ainda que qualquer decisão de não se envolver com o secretário-geral da ONU ou com as Nações Unidas é contraproducente, especialmente no contexto de tensões crescentes no Oriente Médio”, acrescentou ela.
O Conselho de Segurança é composto por cinco integrantes permanentes (Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China), que detém poder de veto nas decisões, e 10 não permanentes, que são eleitos para mandatos de dois anos pela Assembleia Geral. Entre eles, estão África do Sul, Alemanha, Bélgica, Costa do Marfim, Guiné Equatorial, Indonésia, Kuwait, Peru, Polônia e República Dominicana.
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Guterres na mira
Israel declarou Guterres persona non grata na quarta-feira, 2, proibindo-o de entrar no país. A decisão foi anunciada pelo ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, como uma forma de protesto contra a ONU por não ter condenado “inequivocamente” o ataque do Irã com mais de 180 projéteis contra Israel, nesta terça-feira.
Katz descreveu Guterres como “um secretário-geral que dá apoio a terroristas, estupradores e assassinos do Hamas, Hezbollah, Houthis e agora do Irã – a nave-mãe do terror global”. Na véspera à ação israelense, o chefe das Nações Unidas emitiu uma declaração em que condenava “o agravamento do conflito no Oriente Médio, escalada após escalada”, mas não fez qualquer referência direta ao ataque do Irã.
Declarar alguém como persona non grata no campo da diplomacia indica que essa pessoa não é bem-vinda em determinado país, embora não seja necessariamente proibida de entrar no território. Mas, no caso António Guterres, o chanceler israelense baniu formalmente sua entrada em Israel, alegando que ele “não merece pisar em solo israelense.”