Conselheiro de segurança nacional dos EUA visita Pequim para aliviar tensões
Jake Sullivan se reunirá com o ministro das Relações Exteriores chinês durante dois dias de negociações
O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, desembarcou em Pequim nesta terça-feira, 27, para se reunir com o Ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, durante dois dias de negociações para garantir que a competição entre os países não se transforme em um conflito.
A visita de Sullivan busca aliviar as tensões entre os dois países, que estão em desacordo sobre os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro, indicando que a China ainda é uma prioridade para o atual governo de Joe Biden.
Sullivan, que tem atuado como interlocutor de Biden nas conversas com autoridades chinesas, disse a Wang que o presidente americano está comprometido em “administrar esse importante relacionamento de forma responsável”.
Wang, por sua vez, afirmou que o relacionamento entre China e Estados Unidos passou por “reviravoltas” nos últimos anos, mas que espera que os dois países alcancem um estado de desenvolvimento estável e saudável. “A chave é manter a direção geral de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação vantajosa para todos”, disse ele.
“A China se concentrará em expressar sérias preocupações, esclarecer sua posição solene e fazer sérias exigências sobre a questão de Taiwan, o direito ao desenvolvimento e a segurança estratégica da China”, disse o Ministério das Relações Exteriores chinês, acrescentando que Washington tem tomado medidas frequentemente “irracionais” contra o país asiático em relação a tarifas, controles de exportação, revisões de investimentos e sanções unilaterais.
É a primeira vez que um conselheiro de Segurança Nacional americano viaja à China desde 2016. No entanto, Sullivan e Wang já se encontram outras quatro vezes em países terceiros para tentar estabilizar as relações entre Washington e Pequim. A última reunião aconteceu em Bangkok, capital da Tailândia, no mês de janeiro.
Relação abalada
O relacionamento sino-americano esfriou durante o governo Biden. A Casa Branca deu continuidade a uma postura rígida em relação à China, característica da administração do ex-presidente Donald Trump, tratando-a como rival ao limitar o acesso de empresas chinesas a tecnologias avançadas – em especial semicondutores. Também foi uma postura marcada pelas críticas a Pequim por suas “tendências expansionistas” em Taiwan e no Mar do Sul da China.
A relação, já marcada por tensões, deteriorou-se ainda mais após a visita da democrata Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Deputados, a Taiwan em 2022, um movimento que gerou uma reação negativa de Pequim. Os Estados Unidos são o mais importante apoiador e fornecedor de armas da ilha democrática, que a China considera parte do seu território.
Os esforços para retomar o diálogo foram novamente comprometidos em 2023, quando um balão espião chinês sobrevoou o território americano antes de ser abatido pela Força Aérea.
No ano passado, Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, se encontraram no fórum internacional de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, na Califórnia, onde promoveram o diálogo entre suas equipes sobre assuntos militares e inteligência artificial. No entanto, o Ministério das Relações Exteriores da China disse esta semana que as relações com Washington permanecem em “um momento crítico”.