‘Conseguimos um reset completo’, diz Trump após acordo com a China sobre tarifas
Presidente dos EUA afirmou que vai telefonar para seu homólogo chinês, Xi Jinping, no final de semana; Países suspenderam maior parte das taxas por 90 dias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comemorou um “reset completo” das relações com a China nesta segunda-feira, 12, após os países anunciaram um acordo para suspender a maior parte das tarifas um sobre o outro por noventa dias, numa desescalada da guerra comercial entre as duas maiores potências do mundo. Ele afirmou ainda que deve falar com seu homólogo chinês, Xi Jinping, ainda nesta semana.
“Vou falar com o presidente Xi, talvez no fim da semana. Conseguimos um reset completo”, o líder americano em coletiva de imprensa na Casa Branca.
Acordo anunciado
As duas nações anunciaram na madrugada desta segunda-feira que chegaram a um acordo para uma pausa na disputa tarifária, iniciada após medidas do presidente Trump.
No acerto firmado depois de negociações entre as duas partes em Genebra, na Suíça, durante o fim de semana, os países concordaram em suspender a escalada tarifária por noventa dias, a partir da próxima quarta, dia 14. No período, as tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos chineses vão cair de 145% para 30%. Já as taxas da China às importações americanas serão reduzidas de 125% para 10%. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, que liderou a delegação americana nas tratativas, afirmou que as potências concluíram que “temos um interesse em comum” e que havia um “consenso de que nenhum dos lados deseja um desacoplamento.”
“As conversas em Genebra foram muito amigáveis, o relacionamento é muito bom. Não estamos tentando prejudicar a China. A China estava sendo muito prejudicada”, afirmou Trump nesta segunda.
Em um comunicado conjunto divulgado nesta segunda, as nações reconhecem “a importância da relação bilateral” entre eles tanto para internamente quanto para a “economia global”. Washington e Pequim também concordaram em estabelecer “um mecanismo para continuar as discussões sobre relações econômicas e de comércio”. O documento acrescenta que essas conversas podem acontecer nos Estados Unidos, na China ou em um terceiro país acordado entre as partes.
Trump também afirmou que a China concordou em “suspender e remover todas as suas barreiras não monetárias”. “Eles concordaram em abrir a China, abrir completamente a China. E acho que isso será fantástico para a China. Acho que será fantástico para nós, e acho que será ótimo para a unificação e a paz”, disse o americano.
Otimismo cauteloso
O anúncio do acordo foi bem recebido pelos mercados globais. As bolsas asiáticas fecharam em alta e os futuros americanos também sobem depois do acerto.
Foi um alívio para empresas americanas, chinesas e de todo o mundo. Em abril, Trump anunciou tarifas abrangentes contra dezenas de países, justificando-as como uma iniciativa para trazer mais empregos industriais de volta aos Estados Unidos e gerar mais receita para o governo federal.
Uma semana depois de anunciar tarifas de importação com potencial para transformar em escombros o sistema de comércio globalizado, produzir uma crise econômica dentro e fora do seu país e antecipar o possível declínio da supremacia americana, Trump suspendeu, por noventa dias, a parte mais arbitrária do seu pacote protecionista.
Por ora, as taxas recíprocas, algumas altíssimas, que haviam sido atribuídas a nações com as quais os Estados Unidos mantêm déficit comercial, foram afastadas e substituídas pelo imposto básico adicional de 10% que produtos do mundo todo precisarão pagar para entrar no país. Trata-se, segundo Trump, de um gesto de boa vontade com quem decidiu não reagir ao tarifaço – com o objetivo de negociar acordos individuais.
Na semana passada, ele anunciou o primeiro deles — com o Reino Unido —, embora tenha ficado aquém do “acordo abrangente” que Trump havia prometido.
A diminuição da tensão com a China, agora, ocorre após dados recentes mostrarem uma queda no comércio entre as duas potências, a revisão para baixo do crescimento do PIB chinês e a contração da economia americana no primeiro trimestre, alimentando preocupações de que a a guerra comercial prejudicasse os consumidores americanos com preços mais altos, além de levar a economia global a uma recessão.