EUA: protesto de supremacistas brancos deixa 1 morto e 19 feridos
Grupos racistas e rivais se enfrentam nas ruas de Charlottesville com socos, chutes e golpes de bastões de pau e ferro; motorista joga carro sobre multidão
Por Da Redação
Atualizado em 12 ago 2017, 18h09 - Publicado em 12 ago 2017, 17h33
Ao menos um pessoa morreu e ao menos 19 ficaram feridas na esteira de uma série de confrontos entre supremacistas brancos e manifestantes antirracistas que se enfrentam neste sábado nas ruas de Charlotteville, no Estado da Virgínia (EUA). A morte foi confirmada no final da tarde pelo prefeito Mike Signer, que pediu às pessoas que não saiam de casa. A polícia, que deslocou cerca de mil homens para conter os tumultos, está orientando as multidões a se dispersarem.
Pouco antes, o governador da Virgínia (EUA), o democrata Terry McAuliffe, havia declarado estado de emergência para “ajudar na resposta do poder público” à onda de violência, que começou na noite de sexta-feira por causa de uma manifestação de militantes nacionalistas e racistas de direita contra a retirada de uma estátua do general Robert E. Lee, líder dos confederados na Guerra Civil americana. Horas depois, um carro atropelou uma multidão que protestava no centro da cidade, deixando vários feridos – o número não foi divulgado.
O presidente Donald Trump condenou a violência. “Nós devemos TODOS estar unidos e condenar tudo o que representa o ódio”, escreveu em mensagem no Twitter. “Não há lugar para esse tipo de violência na América”, disse.
Tudo começou na noite de sexta-feira, na Universidade da Virginia, quando supremacistas brancos, carregando tochas, protestavam contra a retirada da estátua de Lee gritando slogans como “os judeus não irão tomar nosso lugar” e “vidas brancas importam” – esta última uma referência ao movimento negro Black Lives Matter, contra a violência policial. A manifestação gerou confrontos com estudantes durante a madrugada. Alguns militantes carregavam símbolos nazistas e ofendiam negros, judeus e gays.
Na manhã deste sábado, mesmo após o governo local declarar ilegal o protesto, os supremacistas decidiram realizar uma marcha chamada “Unite Right” (“Unir a direita”), o que ampliou ainda mais os confrontos com grupos rivais, agora com paus, barras de ferro, socos e pontapés. Brigas se espalharam pelas ruas de Charlottesville. Há feridos, mas nenhum número oficial foi divulgado ainda.
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O principal palco dos tumultos é o local que abriga a estátua, o Emancipation Park, que antes se chamava Robert E. Lee e teve o nome alterado – a polícia, com megafones, pediu aos frequentadores que evacuassem o local. Mais de mil policiais foram deslocados para conter os confrontos. Segundo a polícia, a marcha, prevista para esta tarde, deve reunir até 6.000 pessoas, incluindo membros da Ku Klux Klan, histórico grupo racista dos EUA.
Cidade progressista
Charlottesville, onde nasceu um dos pais da democracia americana, Thomas Jefferson, é conhecida como uma cidade progressista. Com cerca de 50 mil habitantes, em torno de 80% dos eleitores votaram na democrata Hillary Clinton na disputa contra o republicano Donald Trump pela presidência do país no ano passado.
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Os movimentos de direita na cidade, no entanto, têm crescido nos últimos meses, por conta de indignação com a suposta intenção do governo local de remover símbolos dos confederados, como a estátua de Robert E. Lee.
O prefeito de Charlottesville, Mike Signer, divulgou uma nota na qual chama a marcha dos supremacistas de um “desfile covarde de ódio, fanatismo, racismo e intolerância”, que marcham pelos gramados do arquiteto da nossa Declaração de Direitos”, em referência a Thomas Jefferson.
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“Todo mundo tem direito, sob a Primeira Emenda, de expressar sua opinião de forma pacífica, então aqui está a minha: não só como prefeito de Charlottesville, mas como membro e ex-aluno do corpo docente da Universidade da Virginia, estou incomodado com essa indicação pública de intimidação desautorizada e desprezível”, afirmou.
Jason Kessler, que organizou a “Unite the Right”, afirmou que não se considera um nacionalista branco, mas disse que “vamos começar a defender nossa história”. “A estátua em si é simbólica de muitas questões maiores. As três principais questões são a preservação da história contra essa censura e revisionismo – essa correção política -, o direito de os brancos também defenderem seus interesses e a liberdade de expressão”, disse à CNN. Segundo ele, a marcha visa respaldar os “grandes homens brancos que estão sendo difamados, caluniados e derrubados nos EUA”.
(Com Agências)
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