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Conflitos e mudanças climáticas provocam recorde de fome global em 2024, diz ONU

Número de pessoas nessas condições mais que dobrou, chegando a 1,9 milhão — o maior desde o início do monitoramento, em 2016

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 Maio 2025, 09h03

O Relatório Global sobre Crises Alimentares de 2025, divulgado pelas Nações Unidas nesta sexta-feira, 16, revelou que a insegurança alimentar aguda e a desnutrição infantil aumentaram pelo sexto ano consecutivo em 2024, afetando mais de 295 milhões de pessoas em 53 países e territórios. Foi um salto de 5% em relação aos níveis de 2023, sendo que 22,6% da população nas regiões mais afetadas enfrentam fome em nível de crise, ou pior.

Enquanto isso, número de pessoas que enfrentam condições análogas à fome mais que dobrou, chegando a 1,9 milhão — o maior desde o início do monitoramento, em 2016.

“O relatório pinta um quadro alarmante”, disse Rein Paulsen, Diretor de Emergências e Resiliência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). “Conflitos, eventos climáticos extremos e choques econômicos são os principais fatores e, com frequência, se sobrepõem”, acrescentou.

É preocupante que a situação tende a piorar. O documento alertou para um agravamento das condições, citando a mais acentuada projeção de queda para o financiamento de ajuda humanitária desde a criação do relatório — estimada entre 10% e mais de 45%.

Isso se relaciona à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de praticamente suspender as operações da principal agência humanitária do país, a USaid, cancelando mais de 80% de seus programas. O órgão público respondia por cerca de 40% de toda assistência estrangeira do mundo.

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Causas da fome

Conflitos foram a principal causa da fome, afetando quase 140 milhões de pessoas em vinte países em 2024, incluindo áreas que enfrentam níveis “catastróficos” de insegurança alimentar em Gaza, Sudão do Sul, Haiti e Mali.

Choques econômicos, como inflação e desvalorização cambial, ajudaram a empurrar 59,4 milhões de pessoas para crises alimentares em quinze países — quase o dobro dos níveis observados antes da pandemia de Covid-19 —, incluindo Síria e Iêmen.

Condições climáticas extremas, particularmente secas e inundações induzidas pelo fenômeno climático El Niño, levaram dezoito países à crise, afetando mais de 96 milhões de pessoas, especialmente no sul da África, sul da Ásia e no Chifre da África.

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Deslocamentos forçados também agravaram a fome. Quase 95 milhões de pessoas obrigadas a deixar suas casas, para outro ponto do país ou para o exterior, viviam em nações que enfrentam crises alimentares, como a República Democrática do Congo e a Colômbia.

Por conta dos choques, a desnutrição infantil atingiu níveis alarmantes, segundo o relatório. Quase 38 milhões de crianças menores de cinco anos sofreram desnutrição aguda em 26 crises nutricionais, incluindo no Sudão, Iêmen, Mali e Gaza.

Apesar da tendência geral negativa, 2024 registrou algum progresso. Em quinze países, incluindo Ucrânia, Quênia e Guatemala, a insegurança alimentar diminuiu devido à ajuda humanitária, à melhoria das colheitas, à redução da inflação e à redução dos conflitos. Para quebrar o ciclo da fome, o relatório apelou ao investimento em sistemas alimentares locais.

“As evidências mostram que apoiar a agricultura local pode ajudar o maior número de pessoas, com dignidade e a um custo menor”, afirmou Paulsen, da FAO.

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