‘Confidente próximo’ do problemático príncipe Andrew é banido do Reino Unido
Empresário chinês é acusado de espionagem por trabalhar para o Departamento de Trabalho da Frente Unida, um braço do Partido Comunista Chinês
Um suposto espião chinês, descrito como “confidente próximo” do príncipe Andrew, o irmão problema de rei Charles III, foi banido do Reino Unido nesta sexta-feira, 13, por representar um risco à segurança nacional.
Autoridades britânicas acreditam que o empresário chinês, identificado apenas como H6, trabalhava para o Departamento de Trabalho da Frente Unida, um braço do Partido Comunista Chinês envolvido em infiltração e espionagem no exterior.
A ex-ministra do Interior Suella Braverman já havia proibido H6 de entrar no Reino Unido em 2023, depois que as autoridades descobriram que ele estava envolvido em “atividades secretas e enganosas” em nome do Partido Comunista Chinês.
Em março de 2023, o suspeito levou seu caso à Comissão Especial de Apelações de Imigração, um tribunal criado para considerar recursos contra decisões relacionadas à segurança nacional. Mas a corte manteve a proibição nesta quinta-feira, decidindo que Braverman tinha “o direito de concluir que (H6) representava um risco para a segurança nacional do Reino Unido, e que sua exclusão era justificada e proporcional”.
Os juízes avaliaram que o suspeito poderia “criar relacionamentos entre altos funcionários chineses e figuras proeminentes do Reino Unido, que poderiam ser impulsionados para fins de interferência política pelo Estado chinês”.
Relação com o príncipe
O episódio é mais uma mancha na reputação do príncipe Andrew, que já havia sido prejudicada por sua amizade com Jeffrey Epstein, bilionário americano que cometeu suicídio na cadeia após ser acusado de exploração sexual de menores. O próprio membro da realeza britânica foi denunciado por suposto abuso sexual de uma mulher que, na época em que o crime teria ocorrido, ainda era menor de idade (o caso foi resolvido com um pagamento de um montante desconhecido à acusante).
H6 foi convidado para a festa de aniversário de Andrew em 2020, além de ter recebido passe livre para participar de possíveis negociações entre investidores chineses e figuras proeminentes do Reino Unido. A decisão judicial indica que o empresário chinês é suspeito de buscar influência sobre um membro da família real, e argumenta que o Duque de York poderia ter se tornado “vulnerável”.
Em uma carta enviada a H6 em 2020, o assessor do príncipe, Dominic Hampshire, mencionou que o chinês poderia ajudar em negociações com investidores de seu país.
“Você nunca deve subestimar a força desse relacionamento… Fora de seus confidentes internos mais próximos (de Andrew), você se senta no topo de uma árvore em que muitas, muitas pessoas gostariam de estar”, escreveu Hampshire.
Andrew se afastou dos deveres reais no final de 2019, após causar indignação pública por defender sua relação com Epstein em uma entrevista à emissora britânica BBC.