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Como o Japão quer se apresentar para o mundo com os Jogos de 2021

Em 1964, o país utilizou-se das Olimpíadas para acabar com a ideia de nação arrasada pela guerra; 57 anos depois, planeja se tornar mais plural e aberto

Por Matheus Deccache 20 jul 2021, 07h01

Os Jogos Olímpicos de Tóquio começam na próxima sexta-feira, 23, com doses de desconfiança e medo. A pandemia do novo coronavírus adiou sua realização em um ano, e ainda não se sabe se de fato há segurança para realizá-lo.

Mesmo assim, a competição é vista como vital para apresentar a capital japonesa como um grande centro de inovação pronto para a competição tecnológica do século XXI. 

Os japoneses ainda esperam mostrar ao mundo muitas evoluções tecnológicas que ocorrem por lá, desde carros sem motoristas até a presença de robôs multilíngues para auxiliar os atletas de outros países.

Além disso, o uso de uma tecnologia de reconhecimento facial para identificar cerca de 300.000 atletas e funcionários em frações de segundos promete ser um grande diferencial.

Outra forma de mostrar às nações o tamanho de sua modernidade está relacionado às medalhas. Existem ainda robôs multilíngues para auxiliar os atletas de outros países.

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Celulares antigos, microondas e outros aparelhos tecnológicos têm sido armazenados para a produção de mais de 5.000 medalhas, de forma a homenagear a sua cultura de reciclagem, uma das mais completas do mundo.

Por outro lado, uma série de propostas previstas acabaram por não sair do papel, como a reforma do Estádio Nacional e a criação de uma Vila Olímpica totalmente movida à energia produzida por hidrogênio. 

Não é a primeira vez que Tóquio precisa lidar com o adiamento da Olimpíada. Em 1940, a Segunda Guerra Mundial frustrou os planos do Japão em sediar o maior espetáculo do esporte, que só viria a acontecer 24 anos depois, em 1964.

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Após ter saído derrotado do confronto e conviver com o estigma de ter se aliado ao nazismo, o Japão usou as Olimpíadas para mostrar-se uma nova nação.

Desde o anúncio oficial de que seria sede dos Jogos, em 1959, Tóquio iniciou uma série de modernizações que perduram na cidade até os dias de hoje. A ideia era que todo o planeta enxergasse não uma cidade devastada pela guerra, mas sim uma metrópole repleta de inovações tecnológicas. 

O primeiro passo tomado foi, de fato, a modernização. Rodovias, prédios, estações de metrô, hotéis cinco estrelas e até mesmo um novo sistema de esgoto foram construídos a todo vapor para comportar o enorme contingente de estrangeiros que chegariam à cidade. Até mesmo as descargas dos banheiros foram adaptadas para o estilo ocidental. 

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Dentre as inovações, a maior delas foi o “Shinkansen”, o Trem Bala japonês. Nove dias antes da cerimônia de abertura, o então imperador, Hirohito, revelou ao mundo o novo meio de transporte revolucionário. Na viagem inaugural, o novo Trem Bala fez o trajeto da capital para Osaka — cerca de 500 quilômetros de distância — em apenas três horas. 

E, assim, o Japão mostrou ao mundo que abandonara sua doutrina expansionista, uma ideia que conduziu os japoneses ao desastre durante a II Guerra. 

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