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Comey diz que Trump mentiu em comentários sobre o FBI

Ex-chefe do FBI James Comey comparece perante comissão do Senado americano

Por Da redação
Atualizado em 8 jun 2017, 20h38 - Publicado em 8 jun 2017, 12h45

Em uma audiência perante o Senado, o ex-diretor do FBI James Comey detalha as circunstâncias de sua demissão por Donald Trump, principalmente como resistiu às pressões do presidente para poupar um de seus conselheiros. A audiência perante a Comissão de Inteligência do Senado nos Estados Unidos começou às 14H00 GMT (11H00 de Brasília).

Durante o depoimento, Comey disse ter documentado seus encontros a sós com Trump porque temia que o republicano mentisse sobre o conteúdo das conversas posteriormente.

“Estava honestamente preocupado pelo fato de que ele pudesse mentir sobre a natureza de nossos encontros”, disse Comey. “Sabia que poderia chegar ao dia no qual pudesse precisar de um registro do que ocorreu não só para me defender, mas também para defender o FBI”, completou o ex-diretor, que está sob juramento.

Comey disse, além disso, que só se reuniu com o ex-presidente Barack Obama em três ocasiões nos oito anos que o democrata ficou no cargo e que nunca sentiu necessidade de registrar seus encontros com ele. Da mesma forma, o ex-diretor do FBI não documentou as reuniões que realizou com o ex-presidente George W.Bush quando era um funcionário do alto escalão do Departamento de Justiça.

Comey reiterou que Trump tinha reconhecido seu bom desempenho à frente do FBI em várias ocasiões, incluindo um momento em que o presidente sussurrou, durante um abraço na Casa Branca, que “desejava” começar a trabalhar com ele.

“Não sei por que fui demitido. Talvez seja devido a forma pela qual comandava a investigação russa (sobre a suposta interferência do Kremlin nas eleições americanas) e pela pressão que isso exercia sobre ele”, afirmou ao ser questionado pelos senadores.

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Esclarecimento prévio

O conteúdo do seu testemunho foi parcialmente divulgado na quarta-feira. A declaração de abertura de Comey foi publicada na forma de um relato detalhado de suas conversas com o bilionário desde janeiro, provocando uma verdadeira explosão política.

Ele confirma o que foi vazado na imprensa: Donald Trump pediu-lhe que abandonasse qualquer investigação sobre Michael Flynn, seu conselheiro para a Segurança Nacional que renunciou em fevereiro por não ter revelado o conteúdo de suas conversas com o embaixador russo nos Estados Unidos.

“Ele me disse: ‘espero que possa encontrar uma forma de deixar isso passar, de deixar Flynn em paz. É um homem de bem. Tenho a esperança de que possa se esquecer disso'”, teria dito Trump a Comey em uma conversa na Casa Branca. Donald Trump nega ter feito tal pedido.

O ex-chefe do FBI relata ainda detalhes sobre um jantar na Casa Branca, em 27 de janeiro, durante o qual o presidente americano teria dito: “preciso de lealdade, espero lealdade”. Na época, Comey conduzia uma investigação sobre as relações entre a Rússia e o comitê de campanha de Trump nas eleições de 2016.

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O advogado particular de Trump, Marc Kasowitz, disse que o presidente se sente “completa e totalmente confortado” com o testemunho de Comey. Trump está “satisfeito” que o ex-diretor do FBI “tenha finalmente confirmado publicamente seus informes privados de que o presidente não era investigado em qualquer apuração relacionada com a Rússia”, completou Kasowitz.

“Nada de ilegal”

Em três ocasiões entre janeiro e março, Comey efetivamente confirmou a Trump que ele não era alvo da investigação. Mas ele rejeitou os pedidos do presidente para “dissipar essa nuvem” da investigação russa sobre a sua presidência. A audiência de Comey será determinante para definir se essas pressões representaram uma tentativa de obstrução da Justiça, um debate jurídico de implicações políticas.

A maioria dos democratas não ousa falar de impeachment. Mas a palavra já não é mais um tabu, uma vez que dois membros da Câmara de Representantes relançaram o pedido de abertura do processo de destituição, Al Green e Brad Sherman. O líder dos democratas e vice-presidente da Comissão de Inteligência do Senado, Mark Warner, denunciou uma “violação clara das orientações estabelecidas após Watergate para evitar a interferência política da Casa Branca em investigações do FBI”, referindo-se ao escândalo que derrubou Richard Nixon em 1974.

Para o impeachment de Trump, no entanto, “a barra é mais alta”, alerta o democrata Adam Schiff. “É preciso convencer o Congresso e o país que o seu comportamento foi tão grave que requer esta solução”. Para proteger a independência da investigação russa, a Justiça nomeou um promotor especial, Robert Mueller, em 17 de maio. Em entrevista à rede MSNBC, o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan, concordou que pedir lealdade não foi adequado. Mas muitos republicanos enfatizam que o ex-chefe do FBI não foi impedido de trabalhar. “Não vejo nada de ilegal”, assegura Richard Burr, presidente da comissão que o interrogará nesta quinta-feira.

 

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