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Com vitória na França, ultradireita tomará decisões militares, diz Le Pen

Líder da extrema direita francesa diz que Macron 'não terá escolha' a não ser nomear premiê de seu partido, que poderá interferir no apoio à Ucrânia

Por Da Redação
27 jun 2024, 16h52

A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, disse nesta quinta-feira, 27, esperar que o seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN), obtenha a maioria absoluta nas eleições legislativas da França, com primeiro e segundo turno marcados para 30 de junho e 7 de julho, respectivamente. Com isso, a legenda poderá formar governo e ter papel decisório sobre áreas como Defesa e Forças Armadas – incluindo a respeito do apoio militar e financeiro à Ucrânia.

A Constituição francesa afirma que o presidente, Emmanuel Macron, é o chefe das Forças Armadas, mas também que o primeiro-ministro é “responsável pela defesa nacional”, deixando o tema ambíguo. As pesquisas para o primeiro turno indicam que a aliança centrista de Macron sairá da eleição de domingo em terceiro lugar, com 21% dos votos, superada pela Nova Frente Popular (29%), do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, e pelo RN, com 37%. Isso significa que o líder do RN e protegido de Le Pen, Jordan Bardella, pode se tornar premiê, deixando o presidente sujeito a uma “coabitação” que reduz sua autoridade e capacidade de moldar políticas.

A votação foi antecipada por Macron, em uma aposta de altíssimo risco que conta com a histórica aversão dos eleitores à ultra direita para, no minuto final – o segundo turno, em 7 de julho –, engolir em seco e eleger os candidatos do governo. Tenha ou não sucesso a estratégia, Bardella deve se consolidar como a cara nova da política francesa.

Apesar da clara vantagem, é difícil que o RN salte dos atuais 88 assentos para 289 e conquiste a maioria absoluta na Assembleia Nacional. Os levantamentos preveem que a sigla e os seus aliados poderão garantir entre 220 e 260 cadeiras (de um total de 577). E Bardella já declarou que não vai requerer o posto de primeiro-ministro sem essa maioria, preservando a legenda do desgaste de fazer parte do governo e apropriando-se do discurso de oposição até a eleição para presidente em 2027, que tem desde já Marine Le Pen como candidata certa.

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Numa entrevista ao jornal local Le Telegramme de Brest, Le Pen disse que Macron “não terá escolha” a não ser nomear Bardella, de 28 anos, como primeiro-ministro porque “ele terá um mandato do pessoas francesas”. Ela disse que o seu protegido, que nunca ocupou cargos públicos, pretende ser firme, mas não hostil ao presidente, cujo mandato vai até 2027.

“Jordan não tem intenção de começar uma briga com (Macron), mas suas linhas vermelhas são claras ,” ela disse.

A líder de extrema direita sugeriu que ser comandante-chefe das forças armadas francesas “é um título honorário para o presidente, uma vez que é o primeiro-ministro quem controla os cordões da bolsa”, e acrescentou: “Na Ucrânia, o presidente não poderá enviar soldados.” Macron disse anteriormente que não descartava a medida.

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Após um processo, liderado por Le Pen, de “desintoxicação” do RN, que durou anos, o partido de extrema direita apresenta-se agora como um defensor do povo francês oprimido – embora tenha recuado em algumas das suas propostas mais dispendiosas para acalmar as preocupações sobre o impacto do orçamento na economia.

O sobrenome Le Pen remete ao patriarca Jean Marie. Aos 95 anos e afastado da vida pública em manobra da filha, continua a projetar a sombra do mais radical extremismo de direita (segundo ele, o Holocausto foi “um detalhe” na II Guerra). Marine tratou de suavizar marcas registradas do partido – o antissemitismo, o desdém pela União Europeia, a admiração por Vladimir Putin –, dispensou o nome Frente
Nacional e catapultou a influência do protegido boa-pinta.

“Somos pessoas razoáveis”, disse Le Pen na entrevista.

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No entanto, o RN continua ferozmente anti-imigração, propondo cortar ou cancelar o acesso à assistência social para cidadãos estrangeiros e endurecer as regras de obtenção de cidadania.

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