Namorados: Assine Digital Completo por 1,99

Com futuro incerto, Bolívia marca eleições para setembro

Novo pleito deverá acontecer no dia 6 de setembro. Herdeiro político de Evo Morales é favorito

Por Ernesto Neves Atualizado em 12 jun 2020, 16h39 - Publicado em 12 jun 2020, 15h54

O caldeirão político que sacode a Bolívia desde 2019 ganhou novo capítulo nesta semana. Com maioria de dois terços, o Parlamento do país marcou para o dia 6 de setembro a convocação de novas eleições gerais. De acordo com o presidente da Câmara Alta, Evo Copa, o pleito deverá pôr fim à instabilidade, e “ajudará a consolidar a democracia boliviana”.

A realidade, porém, é que a Bolívia tem futuro incerto. Isso porque também nesta semana um estudo realizado por pesquisadores independentes pôs em xeque a auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) que constatou fraude na reeleição de Evo Morales, em outubro de 2019.

Segundo Francisco Rodríguez, da Tulane University, em Nova Orleans, Dorothy Kronick e Nicolás Idrobo, da Universidade da Pensilvânia, e Calla Hullum, da Universidade de Miami, a conclusão de que os votos em Morales aumentaram inexplicavelmente na contagem final foi baseada em dados incorretos e técnicas de estatísticas errôneas.

ASSINE VEJA

Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena
Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena O início da reabertura em grandes cidades brasileiras, os embates dentro do Centrão e a corrida pela vacina contra o coronavírus. Leia nesta edição. ()
Clique e Assine
Continua após a publicidade

“Examinamos as evidências relatadas pela OEA e elas se mostraram inconsistentes”, disse Rodríguez ao jornal The New York Times. “Ao corrigir essas inconsistências, sumiram as evidências de manipulação”, conclui o pesquisador.

“O relatório da OEA foi feito apressadamente, moldando a narrativa das eleições antes que pudesse ser analisado de forma cautelosa”, diz Calla Hullum.

O estudo ainda não foi revisado, mas fez recrudescer críticas de Morales e de seu partido, o  Movimento para o Socialismo (MAS). “As investigações demonstram que não houve fraude. E sim golpe de estado”, disse Evo nas redes sociais.

Desde então, a Bolívia está sob a presidência interina de Jeanine Áñez. Senadora pela oposição e ex-apresentadora de TV, ela tomou posse temporariamente após a reeleição de Evo ter sido classificada como fraudulenta pela OEA.

Continua após a publicidade

O problema teria ocorrido quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu a transmissão da contagem dos votos da eleição que o levaria ao quarto mandato, com 83% das urnas apuradas indicando um segundo turno. No dia seguinte, o sistema voltou ao ar com 95% dos votos computados e deu Morales na cabeça. 

Observadores da entidade afirmaram que houve alteração na contagem de pelo menos 38.000 votos. Evo declarou-se vitorioso por uma margem de 35.000. Entre as irregularidades relatadas estavam comprovantes de votação alterados de falsificação de assinaturas. 

Como resposta, a oposição foi às ruas, provocando violentos protestos. A capital, La Paz, ficou sitiada por manifestantes pró e contra o governo, ruas bloqueadas, casas incendiadas e políticos do MAS foram humilhados publicamente. 

Nos 14 anos em que esteve no poder, Morales fez um governo que, a certa altura, era citado como um caso de sucesso na região. Faz dez anos que a Bolívia, um dos países mais pobres da América Latina, cresce a um ritmo de 5% ao ano. A população abaixo da linha de pobreza diminuiu de 63% para 35%.

Continua após a publicidade

Morales combinou programas de esquerda, como a nacionalização de setores de produção de gás (o principal produto de exportação) e medidas de transferência de renda, com a abertura da economia a investidores estrangeiros. Mas, em contraste com o avanço econômico, a democracia liberal entrou em declínio na Bolívia.

Controlador, Morales exerceu poder absoluto sobre seu partido, MAS, barrando a ascensão de possíveis sucessores.

No primeiro mandato, fez aprovar uma lei impedindo uma terceira reeleição do presidente, mas conseguiu que ela só valesse a partir da votação seguinte, que ele venceu. Reelegeu-se mais uma vez e, quando não poderia mais se candidatar, convocou um referendo em 2016 para acabar com o limite de mandatos.

Apesar de tudo, a era Evo Morales pode ganhar novo fôlego. Luis Arce, seu herdeiro político, lidera a corrida presidencial, com 33% das intenções de voto. Em segundo vem o ex-presidente Carlos Mesa, com 18,3%, e em terceiro a atual interina, Jeanine Áñez, com 16,9%.

Até os bolivianos, acostumados a todo tipo de reviravolta, ficaram surpresos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.