Com foco na reconstrução da Síria, Putin recebe Assad no Kremlin
Reunião marcou 12 anos de levantes que gradualmente levaram à guerra civil no país
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu no Kremlin nesta quarta-feira, 14, o líder sírio, Bashar Assad, para conversar não só sobre a reconstrução da Síria – destruída pela guerra civil devastadora em andamento desde 2011 –, mas também sobre o restabelecimento dos laços de Damasco com a Turquia.
Durante a reunião, que ocorreu na marca dos 12 anos de levantes que gradualmente levaram à guerra civil no país, Putin enfatizou a “contribuição decisiva” dos militares russos para estabilizar a situação nacional. Desde setembro de 2015, a Rússia empreendeu uma campanha militar na Síria e uniu-se com o Irã para permitir que o governo de Assad combata os grupos armados de oposição e recupere o controle da maior parte do país.
Ao mesmo tempo que a Rússia concentrou grande parte de seus recursos militares na Ucrânia quando invadiu o país em 24 de fevereiro de 2022, Moscou manteve sua posição militar na Síria, deixando aviões de guerra e tropas em suas bases lá.
O presidente sírio agradeceu a Putin pelo apoio à soberania nacional e integridade territorial da Síria. Ele ainda observou que, apesar dos combates na Ucrânia e a pressão internacional contra o país, o Kremlin permaneceu um aliado forte.
“Embora a Rússia agora também esteja conduzindo a operação especial, sua posição permaneceu inalterada”, afirmou Assad. O líder sírio aproveitou também para usar o termo “operação militar especial” do Kremlin para a ação russa na Ucrânia e expressou apoio ao esforço de Moscou.
Após as conversas que envolveram funcionários de ambos os países, Putin convidou Assad para um encontro individual separado. Os ministros da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, e da Síria, Ali Mahmoud Abbas, também se reuniram separadamente para discutir a cooperação militar. Assad também agradeceu a Putin por enviar equipes de resgate à Síria para conduzir os esforços de resgate e ajudar a lidar com as consequências do terremoto.
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Além disso, Moscou forneceu apoio político robusto a Assad na ONU para ajudar a reparar os laços de seu governo com as potências regionais. No entanto, alguns países árabes que pediram no passado pela queda de Assad enviaram ajuda após o catastrófico terremoto de 6 de fevereiro que atingiu a Turquia e a Síria, matando mais de 50 mil pessoas, sendo 6 mil no território sírio.
A tragédia gerou a simpatia internacional e acelerou a reaproximação regional, com alguns pedindo diálogo com o país trazendo ele de volta à Liga Árabe, composta por 22 membros. Em novembro de 2011, a Síria foi suspensa da organização por conta da repressão de revoltas que se transformaram na Guerra na Síria.
Como parte da reaproximação, os ministros das Relações Exteriores do Egito e da Jordânia fizeram recentemente a primeira visita a Damasco desde o início do conflito em março de 2011 e se encontraram com Assad.
Antes do terremoto, a Rússia era responsável por mediar as negociações entre a Síria e a Turquia, que apoiou grupos armados de oposição no território sírio que tentaram derrubar o governo de Assad durante a guerra civil. Até o momento, o conflito já matou 500 mil pessoas e obrigou metade da população a se deslocar para outros locais. Como exigência, a Síria pediu que a Turquia se retirasse de um enclave que controla no noroeste da Síria para que Damasco normalize suas relações com Ancara.