Colonos israelenses provocam caos na Cisjordânia após ataque palestino
Explosão de violência em cidade ocupada deixou um morto e quatro feridos; antes disso, um atirador palestino havia matado dois colonos israelenses
Um grupo de centenas de colonos israelenses iniciou um ataque violento no norte da Cisjordânia depois que dois irmãos foram mortos por um atirador palestino. Pelo menos um homem foi morto e outras quatro pessoas ficaram feridas, no que se configura como a maior explosão de violência de colonos na região em décadas.
Na noite do domingo 26, o ministério da Saúde da Palestina informou que um homem de 37 anos foi baleado e morto por israelenses na cidade de Huwara. Entre os quatro feridos, duas pessoas foram baleadas, uma foi esfaqueada e uma quarta foi espancada com uma barra de ferro. Além disso, outras 95 pessoas estariam sendo atendidas em unidades de saúde por inalação de gás lacrimogêneo.
A estimativa é de que cerca de 400 colonos participaram do ataque.
Segundo a mídia palestina, cerca de 30 casas e carros de palestinos foram incendiados durante o ataque em Huwara. Na manhã desta segunda-feira, 27, a cidade estava vazia e residentes rebocavam os carros incendiados.
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Huwara é uma pequena cidade da Cisjordânia, ao sul de Nablus, que é cortada pela rota 60, uma estrada construída por Israel que corta o território ocupado do norte ao sul, e que palestinos não têm permissão para usar.
“Nunca vimos nada assim. Os colonos não têm mais nada a temer. Eles sabem que podem fazer o que quiserem”, disse Sakir, morador da região, segundo a agência de notícias Associated Press.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou o ataque e afirmou que os colonos estavam fazendo “atos terroristas” sob a proteção das forças de ocupação.
“Consideramos o governo israelense totalmente responsável”, acrescentou.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, repudiou a violência dos ataques.
“Peço que, quando o sangue estiver fervendo e o espírito estiver quente, não tomem a lei em suas mãos”, disse ele em comunicado.
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O ataque foi desencadeado pelo assassinato de dois irmãos israelenses, de 21 e 19 anos, do assentamento judaico de Har Bracha, por um atirador palestino. Após essas mortes, membros da extrema-direita de Israel pediram uma ação dura contra a Palestina. O ministro das Finanças do país, Bezalel Smotrich, chegou a pedir para atacar a região “sem piedade, com tanques e helicópteros”.
O conflito acontece depois que autoridades israelenses e palestinas haviam concordado, sob mediação do governo da Jordânia, em tomar atitudes para diminuir as tensões na região e se reunirem novamente em março, antes do mês sagrado muçulmano do Ramadã. Os eventos do último domingo disputam essa declaração.
A Cisjordânia é povoada por diversos colonos radicais, que frequentemente vandalizam as terras e propriedades palestinas. A Palestina reivindica o território da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e da Faixa de Gaza, áreas capturadas por Israel na guerra de 1967, para a criação de um futuro Estado. Porém, cerca de 700 mil colonos israelenses vivem na Cisjordânia e no leste de Jerusalém em assentamentos ilegais, o que a comunidade internacional considera um obstáculo para a paz na região.