Colômbia apreende recorde de 225 toneladas de cocaína e descobre nova rota do tráfico
Liderada por autoridades colombianas, Operação Orion contou com 62 países e descobriu carregamento transportado em 'narcossubmarinos' para Austrália
Autoridades da Colômbia, em colaboração com outros 62 países na chamada Operação Orion, apreenderam 225 toneladas de cocaína em seis semanas, um recorde global para qualquer operação antinarcóticos, informou Bogotá nesta quinta-feira, 28. Parte do carregamento foi encontrado em um “narcossubmarino” que viajava por uma nova rota do narcotráfico, cujo destino era a Austrália.
Nas últimas seis semanas, a operação parou seis embarcações semissubmersíveis – os “narcossubmarinos” – cheias de cocaína. No total, 1.1400 toneladas de droga foram confiscadas, incluindo mais de 1.000 toneladas de maconha.
A interceptação de 225 toneladas de cocaína marca um impacto significativo nas operações dos cartéis da América Latina. A ONU estima que são produzidas anualmente 2.700 toneladas da droga no mundo inteiro. O recorde anterior da Colômbia para apreensões anuais foi de 671 toneladas (em 2022).
“Esta é uma parte importante do comércio de cocaína, mesmo quando você considera as altas quantidades da droga saindo da região”, disse o capitão Manuel Rodríguez, diretor da unidade antinarcóticos da Marinha Colombiana. “Isso evitará milhares de mortes por overdoses e impedirá US$ 8,5 bilhões (cerca de R$ 50,7 bilhões) de chegar aos cartéis, o que definitivamente faz um buraco nos lucros dessas organizações criminosas.”
Mais de 400 pessoas foram presas na operação, que também interceptou remessas ilegais de armas e capturou traficantes de imigrantes (os coiotes).
Parceria
A Marinha colombiana atribuiu o sucesso histórico à cooperação sem precedentes entre os 62 países e instituições acadêmicas. A Operação Orion envolveu agências dos Estados Unidos, União Europeia e Austrália, além de centros de pesquisas como o Royal United Services Institute, no Reino Unido, que estuda como os cartéis colombianos e mexicanos contrabandeiam drogas sem serem detectados.
Nações parceiras juntaram aviões, helicópteros e fragatas para interceptar as remessas ilegais. Mas, segundo o capitão Rodriguez, o mais importante foi o compartilhamento de informações de inteligência.
Nova rota
Uma das maiores conquistas das últimas seis semanas foi a interceptação de seis semissubmersíveis transportando cocaína, que revelaram uma nova rota usada para enviar quantidades sem precedentes da droga para a Austrália.
Frequentemente chamados de “narcossubmarinos”, as embarcações viajam por baixo d’água (embora não a profundidades tão grandes quanto submarinos), de modo que mal são visíveis enquanto deslizam pelo oceano. Medindo de 10 a 25 metros de comprimento, elas são capazes de levar até 10 toneladas de cocaína a bordo.
Um dos semissubmersíveis estava indo para a Austrália quando foi interceptado, a 2.000 quilômetros da Ilha Clipperton, um pequeno recife de corais francês desabitado no Pacífico. Cinco pessoas a bordo foram detidas.
“Esta é uma nova rota. A embarcação foi encontrada no meio do nada, a 4.800 quilômetros da costa colombiana, em direção à Austrália e Nova Zelândia”, disse Rodríguez. Esta foi a primeira vez que um “narcossubmarino” foi encontrado a caminho da Oceania.
A alta demanda por cocaína na Austrália, junto aos preços altíssimos (um quilo é vendido por até US$ 240.000 (R$ 1,4 milhões), quase seis vezes o valor médio nos EUA), levaram os narcotraficantes a serem criativos, avaliou o oficial colombiano. A embarcação submersível partiu de Tumaco, uma cidade na costa da Colômbia.
“Eles melhoraram o design dos semissubmersíveis e deram a eles capacidade extra de combustível”, afirmou Rodríguez.