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COI contraria ministra e permite uso de hijabs na Vila Olímpica de Paris

Decisão ocorre após ministra dos Esportes da França, Amelie Oudea-Castera, barrar uso de véus religiosos por atletas e comissão técnica do país

Por Da Redação
29 set 2023, 15h07

O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta sexta-feira, 29, que o uso de hijabs – véu islâmico utilizado por mulheres – será permitido nas dependências da vila dos atletas nas Olimpíadas de Paris, previstas para julho de 2024. A decisão ocorre dias depois do comunicado da ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra, de que atletas e integrantes das comissões técnicas nacionais serão proibidos de vestir hijabs.

“Quando se trata de competições, aplicam-se os regulamentos estabelecidos pela Federação Internacional (FI) relevante”, disse um porta-voz do COI. “Como este regulamento francês se refere apenas aos membros da seleção francesa, estamos em contato com o CNOSF (Comitê Olímpico Francês) para entender melhor a situação dos atletas franceses.”

Em entrevista à emissora France 3, Oudéa-Castéra informou que a medida restritiva procura respeitar os princípios do secularismo, prezando pela “proibição de qualquer tipo de proselitismo e a neutralidade absoluta do serviço público”. A fala foi reforçada nesta terça-feira, 26, pelo Ministério dos Esportes, que afirmou que a decisão estava em conformidade com a legislação do país e com a “missão de serviço pública” a qual os esportistas são incumbidos.

+ Sede da Olimpíada de 2024, Paris acelera expulsão de moradores de rua

O posicionamento, contudo, não foi bem recebido pela porta-voz de Direitos Humanos das Nações Unidas, Marta Hurtado, que destacou que “ninguém deveria impor a uma mulher o que ela precisa vestir ou não vestir”. Ela explicou a França, enquanto signatária de uma convenção internacional contra a discriminação feminina, deveria eliminar “práticas discriminatórias” pelas suas potenciais “consequências prejudiciais”.

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Não é a primeira vez, no entanto, que o país toma decisões controversas sobre a vestimenta religiosa. Em junho deste ano, o principal tribunal administrativo federal manteve a proibição “apropriada” do uso de hijabs por jogadoras de futebol francesas por considerar que o banimento garantiria o “bom desenrolar dos jogos” e evitaria “confrontos”. A ação foi criticada por um grupo de atletas islâmicos, conhecidos como Les Hijabeuses, que ressaltaram que a deliberação contrariava normas estabelecidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) em 2014.

Em 2016, Ibtihaj Muhammad fez história como a primeira atleta dos Estados Unidos a competir vestindo hijab nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Na época, o então candidato republicano Donald Trump prometia uma possível “proibição muçulmana” no país. Ela encarou a situação como uma forma de combater “estereótipos que as pessoas têm sobre a comunidade muçulmana”.

“Historicamente, o mundo tem sido obcecado pelo hijab por qualquer motivo”, disse em depoimento à emissora Al Jazeera, do Catar. “Acho que está enraizado no racismo. Acho que está enraizado na islamofobia. Não se trata realmente do hijab”.

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