Cinco homens são presos por caso de estupro coletivo na Espanha
Decisão gerou protesto porque a Justiça considerou não ter havido violência e condenou os réus por abuso sexual, e não por estupro
Um tribunal da Espanha sentenciou cinco homens a nove anos de prisão nesta quinta-feira (26) por estupro coletivo. O crime aconteceu em 2016, durante a corrida de touros de Pamplona, e causou polêmica pela forma como a vítima foi tratada durante o julgamento.
Os condenados José Ángel Prenda, Alfonso Cabezuelo, Antonio Manuel Guerrero, Jesús Escudero e Ángel Boza, todos na faixa dos 20 anos, também devem pagar 50.000 euros à vítima e não entrar em contato com ela por 15 anos. Os cinco ainda podem recorrer da sentença.
Os cinco membros da “La Manada“, como os próprios réus se denominavam um grupo do WhatsApp, estavam bêbados quando abordaram uma jovem de 18 anos em uma rua e realizaram o ato sexual desprotegido. Eles chegaram a filmar a cena e a compartilhar o vídeo em seu grupo na rede social, comemorando o feito. Um dos homens, em seguida, roubou o telefone da vítima.
A defesa argumentou que a jovem consentiu com o ato sexual e apresentou um relatório assinado por um detetive sobre o comportamento da vítima após ser estuprada. Nesse relatório constavam fotos, que o detetive obteve seguindo a vítima, nas quais ela aparecia sorrindo com amigos. O argumento era de que a moça não sofria traumas do episódio.
Na época, os juízes aceitaram as imagens como provas, gerando indignação em grupos feministas da Espanha. O relatório policial da época considerou que a vítima teve uma atitude “neutra e passiva” ao não reagir e ao permanecer com seus olhos fechados. Em repúdio a esses argumentos, movimentos feministas lançaram o slogan “Eu acredito em você”.
Mais protestos são esperados no país após a corte ter anunciado a sentença. O julgamento, a portas fechadas, durou cinco meses. Os homens foram condenados por abuso sexual, mas não por estupro, crime que considera a existência de violência. Dezenas de manifestantes aguardavam do lado de fora do tribunal a decisão e, quando souberam a sentença, começaram a gritar que “não era abuso, era estupro”. Um dos magistrados chegou a pedir a absolvição dos homens.
(Com Estadão Contéudo)