Chuva de mísseis russos em Kiev mata ao menos nove pessoas; 70 ficam feridos
Vários bairros da capital foram atingidos, numa das ofensivas aéreas mais devastadoras contra a Ucrânia em meses

Em um dos ataques mais devastadores contra a Ucrânia em meses, pelo menos nove pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas após mísseis russos atingirem a capital, Kiev, nesta quinta-feira, 24. Kharkiv, na linha de frente leste, e outras cidades também foram bombardeadas.
“A Rússia lançou um ataque combinado massivo contra Kiev”, informou o serviço de emergência estatal da Ucrânia em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram.
Ondas de drones e mísseis balísticos e guiados atingiram a capital ucraniana nesta manhã. Houve explosões durante grande parte da madrugada, começando por volta da 1h00 local (19h00 de quarta-feira em Brasília). Alguns moradores passaram uma noite sem dormir no metrô, que também serve como abrigo contra mísseis.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou que equipes de resgate estavam retirando sobreviventes dos escombros. Entre os feridos, há seis crianças e uma mulher grávida. Uma casa, carros e outros prédios pegaram foto, enquanto a queda de destroços provocou extensos danos em vários bairros.
Night of April 25, 2025 Kyiv. pic.twitter.com/8O9q1Any4m
— Oleksandr Koval (@DigitalArtKyiv) April 24, 2025
O ministro do Interior da Ucrânia, Ihor Klymenko, declarou que há uma grande operação de resgate em andamento no distrito de Svyatoshinsky, em Kiev, envolvendo cães farejadores e engenheiros. “Telefones celulares podem ser ouvidos tocando sob as ruínas. A busca continuará até que todos saiam. Temos informações sobre duas crianças ainda estão desaparecidas”, acrescentou. A última vez que Kiev foi atingida por mísseis foi no início de abril, quando três pessoas ficaram feridas.
Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, foi atingida por sete mísseis e 12 drones kamikazes na madrugada. De acordo com o prefeito, Ihor Terekhov, várias casas, uma fábrica e um prédio residencial foram danificados. “Um dos ataques mais recentes atingiu uma área residencial densamente povoada. Duas pessoas ficaram feridas lá”, disse ele, pedindo cautela.
Também houve ataques nas cidades de Pavlohrad e Zhytomyr, bem como na região de Zaporizhzhia.
Acordo de paz em xeque
O ataque ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançar duras críticas contra seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, por não apoiar um “plano de paz” proposto por Washington, no qual a Crimeia e outros territórios da Ucrânia seriam cedidos permanentemente à Rússia. A cláusula faz parte das exigências do presidente russo, Vladimir Putin, para encerrar a guerra.
Na quarta-feira, Trump acusou Zelensky de prolongar o “campo de extermínio”, como chamou o conflito, e fazer declarações “muito prejudiciais”. O ucraniano descartou reconhecer a Crimeia como russa e afirmou ser necessário implementar um cessar-fogo completo antes que qualquer acordo seja discutido.
Nesta quinta, Zelensky encurtou uma viagem à África do Sul por causa da onda de ataques.
“Já se passaram 44 dias desde que a Ucrânia concordou com um cessar-fogo total e a suspensão dos ataques… E já se passaram 44 dias em que a Rússia continua matando nosso povo”, disse ele em uma publicação no X, antigo Twitter. “Os ataques devem ser interrompidos imediata e incondicionalmente”, acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andriy Sybiga, afirmou que as “demandas maximalistas da Rússia para que a Ucrânia se retire de suas regiões, combinadas com esses ataques brutais, demonstram que a Rússia, e não a Ucrânia, é o obstáculo à paz”. Ele enfatizou que é “Moscou, e não Kiev, onde a pressão (americana) deve ser aplicada”.
Andriy Yermak, chefe do gabinete de Zelenksy, disse: “Putin demonstra apenas o desejo de matar. Os ataques contra civis precisam parar.”
Nas redes sociais, os ucranianos criticaram a abordagem de Trump e sua aparente indiferença às mortes de civis em seu país. De acordo com vários usuários, o ataque massivo desta quinta-feira sugere que o Kremlin não está interessado em paz.